Quase metade do mel do mercado europeu é falsificado, alerta associação

Mel fraudulento é produzido com xaropes de origem vegetal, num processo “altamente sofisticado e de difícil detecção”. Associação diz que sector “não sobreviverá à concorrência desleal”.

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Mel falsificado entra no mercado "a um valor baixíssimo, inferior em cerca de 75% do preço pago ao produtor" Teresa Pacheco Miranda
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A Associação Europeia de Apicultura (EBA, na sigla inglesa) alertou esta semana para a percentagem elevada de "mel fraudulento" presente no mercado europeu e apelou aos decisores políticos que produzam legislação para regulamentar o mercado, que "não sobreviverá à concorrência desleal".

Em protesto a favor de 400 mil apicultores europeus, no Dia Mundial da Alimentação, que se celebrou nesta quarta-feira, a EBA lembrou que a Comissão Europeia estima que quase 50% do mel que circula na Europa é fraudulento e entra no mercado "a valor baixíssimo, inferior em cerca de 75% do preço pago ao produtor".

A associação afirma que grande parte do mel falsificado é produzida com xaropes de origem vegetal (arroz ou milho, por exemplo), num processo "altamente sofisticado e recorrendo a tecnologia avançada, que dificulta bastante a detecção".

"Os apicultores europeus estão a perder rendimento ano após ano e as situações de abandono da actividade são já uma realidade. Não é apenas o sector apícola que está ameaçado, uma vez que muita da produção agrícola europeia depende da polinização feita pelas abelhas melíferas", refere ainda a associação. A EBA acredita que está na altura de os decisores políticos europeus adoptarem "medidas rigorosas contra a presença de mel falsificado no mercado europeu", estabelecendo protocolos de detecção de falsificações, escolhendo quais são os "laboratórios de referência para a realização destas análises" e garantindo que se adopte, em todo o espaço europeu, um "sistema de monitorização dos mercados que garanta o controlo e a rastreabilidade do mel importado".

Os apicultores dizem ainda que a Comissão Europeia alterou recentemente a directiva do mel, o que poderá ajudar a resolver parte do problema. "Todo o mel comercializado na União Europeia indicará, em breve, em que país ou países foi produzido. Além disso, a comissão estabeleceu o objectivo de definir um método harmonizado para a determinação da autenticidade do mel, ao mesmo tempo que serão definidos os laboratórios de referência para essas análises. Este processo deverá estar terminado no prazo de três anos, o que, infelizmente, para os apicultores europeus é demasiado tempo", refere a EBA no comunicado.

Para a associação, também é crucial que estas informações sejam transmitidas aos consumidores, "para que este problema possa ser ultrapassado". “Prefiram mel e produtos apícolas de origem europeia, de preferência produzidos no próprio país”, apela a EBA.