Um caso como o do BES “não aconteceria hoje”, diz Vítor Bento

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos, que era o presidente do BES no dia da resolução, em Agosto de 2014, falou na cerimónia de 40 anos da associação.

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"O sector é hoje muito melhor e há-de continuar a ser melhor", diz presidente da APB Rui Gaudêncio
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Um caso como o do Banco Espírito Santo (BES), que escapou aos radares de supervisores e legisladores e deixou um rasto de perdas milionárias, "não aconteceria hoje". Quem o diz é o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Vítor Bento, que defende que os níveis de capitalização, bem como os reforços feitos à estrutura de governação destas instituições, são suficientes para evitar casos semelhantes.

O presidente da APB, que era o presidente do BES no dia da resolução, em Agosto de 2014, falava na cerimónia de 40 anos da associação. "O sector é hoje muito melhor e há-de continuar a ser melhor, graças ao bom trabalho que foi feito", começou por dizer, a propósito do início do julgamento do banco que colapsou há dez anos.

"Obviamente que houve esse estrago [do BES]", ressalvou, salientando, por outro lado, que foi feito "um grande esforço por parte de accionistas, gestores e colaboradores".

O resultado desse trabalho, diz, "está à vista e, hoje, temos uma banca saudável, confortável e continuamente empenhada em apoiar o desenvolvimento da economia e da sociedade".

Sobre os custos que o BES representou para os cofres do Estado e que ainda hoje representa para o sector, Vítor Bento considera que "esse peso é reflectido através das contribuições extraordinárias que são exigidas aos bancos que se portaram bem". São aqueles que "fizeram o ajustamento próprio", defende, que "estão a ser chamados, injustamente, a pagar os custos de outros que tiveram um comportamento menos bom".

Seja como for, conclui, um caso como o do BES não voltará a acontecer no contexto actual. "Nas condições em que temos a banca, julgo que não acontecia hoje. Os bancos, hoje, têm um nível de capital, uma limpeza de balanço e uma estrutura de governance que não tem qualquer comparação com o que era a realidade da economia e do sector há dez anos. Não tem qualquer comparação."

O julgamento do "caso BES" começou nesta terça-feira, no Campus da Justiça, em Lisboa. Tem 18 arguidos, 15 pessoas e três empresas, no caso principal que apura responsabilidades criminais no colapso do Grupo Espírito Santo. Respondem por associação criminosa, corrupção, burla e branqueamento, entre outros crimes.

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