Até quando vamos poder ver o cometa em Portugal?

O cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) vai permanecer visível durante mais alguns dias.

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O cometa fotografado de Cabo Raso (Cascais) duas vezes ampliado Cédric Pereira
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O cometa fotografado da serra D’Ossa Pedro Roque
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O cometa fotografado da serra D’Ossa Pedro Roque
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O cometa fotografado de Ponta Delgada, Açores João Porto
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O cometa fotografado de Arronches sem nenhuma ampliação Hernani Cavaco
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O cometa fotografado de Arronches sem nenhuma ampliação Hernani Cavaco
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O cometa que está a causar sensação em Portugal, e noutros pontos do hemisfério Norte, vai estar visível no céu durante mais alguns dias, ainda que poucos. A partir de domingo, 20 de Outubro, o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) já estará a afastar-se tanto da Terra que dificilmente o conseguiremos observar, mesmo com binóculos. Embora as previsões do tempo para os próximos dias não ajudem muito às observações astronómicas, vejamos em que sítio do céu aparece o cometa, a que horas e como podemos tentar vê-lo, antes que nos deixe para voltar a visitar-nos apenas daqui a muitos milhares de anos.

Qual é o último dia em que será possível ver o cometa?

O problema dos próximos dias em relação à observação do cometa está nas previsões de mau tempo para o resto da semana. “O cometa vai estar vivível durante a semana toda, até dia 20. A cada diz que passa, ele está mais afastado da Terra e vai perdendo brilho. O grande azar que temos cá neste momento é o mau tempo”, começa por dizer José Augusto Matos, divulgador de astronomia. Hoje [esta segunda-feira] talvez seja a última noite com algumas abertas para ver alguma coisa”, alerta perante as previsões de chuva durante a semana toda. “É um azar dos diabos, quando era preciso bom tempo.”

Depois do próximo domingo, será muito difícil vê-lo, precisamente porque está a afastar-se muito de nós. “A partir de dia 20, estará demasiado ténue – pouco brilhante, devido ao afastamento em relação à Terra – e não será visível facilmente mesmo com binóculos”, explica José Augusto Matos, dizendo que o dia em que o cometa esteve mais perto do nosso planeta foi no último sábado, e agora continua a sua jornada pelo sistema solar afastando-se de nós. No entanto, com um telescópio amador ainda poderá ser visível até 21 ou 22 de Outubro – ou seja, até ao início da próxima semana.

Como podemos ver o cometa?

Essencialmente, é com binóculos que podemos apreciar este cometa, que agora é visível no hemisfério Norte. No domingo passado, houve quem o conseguisse ver à vista desarmada em Portugal, “mas aconselho as pessoas a usar binóculos para o encontrarem e verem”, diz José Augusto Matos. “Para o verem à vista desarmada, tem de ser em sítios escuros. As pessoas que vivem nas cidades, à vista desarmada não vão ver grande coisa – tem de ser com binóculos”, avisa José Augusto Matos, referindo-se à poluição luminosa.

Onde é que o cometa aparece no céu?

O cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) já tinha sido visível do hemisfério Sul, no final de Setembro, antes do nascer do Sol, também com binóculos e máquinas fotográficas. Depois, o cometa foi dar a volta ao Sol, escondendo-se atrás dele, e reapareceu agora a 12 de Outubro no hemisfério Norte. Nesta curta reaparição, antes de ir à sua vida para os confins do nosso sistema solar, ele aparece no céu na altura do pôr-do-sol. “Havia uma previsão de que pudesse desfazer-se, mas aguentou a volta ao Sol.”

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Onde encontar no céu o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) Stellariu/Planetário do Porto/Centro Ciência Viva

É para Oeste – poente – que temos de olhar para ver este cometa. Vai aparecer à direita de Vénus, ainda que mais para cima do céu em relação a este planeta. “Por volta das 19h30, já começa o dia a escurecer e já o podemos apanhar com binóculos.” Não teremos muito tempo para apreciar este viajante cósmico. Esta segunda-feira estará visível até por volta das 20h20 – e a partir dessa hora já estará muito baixo no horizonte poente, até se pôr como o Sol. Ou seja, esconde-se como o nosso Sol.

Até domingo, podemos vê-lo um pouco mais alto no céu, pelo que irá ver-se até um pouco mais tarde, por volta das 21h, embora cada vez mais ténue.

Foi o “cometa do século”?

Não, não foi o “cometa do século”. “Havia a previsão de que podia vir a ser mais brilhante, embora esteja a dar boas fotos. Nas fotografias está bonito, mas para a experiência de olhar a olho nu é um bocadinho uma desilusão. Realmente, não é o cometa do século. Em termos de brilho, não foi nada de extraordinário”, esclarece José Augusto Matos. “Mesmo assim, não foi mau. Deu boas fotos e deu para ver nos binóculos, o que já é bom”, considera.

“O cometa Neowise, em 2020, foi melhor do que este”, diz ainda, uma vez que o víamos à vista desarmada e nos deslumbrou. E o cometa Hale-Bopp, que nos visitou em 1997 e que víamos facilmente no céu, continua a manter um lugar inesquecível. “Quem nos dera a nós um cometa como esse”, considera José Augusto Matos, recordando também a visita de um outro cometa em 1996, o Hyakutake. “Nos anos 90 do século passado tivemos dois cometas melhores do que este em termos de brilho.”

Descoberto em 2023, o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) vem da nuvem de Oort, localizada nos confins do sistema solar. Se nada lhe acontecer até lá, só voltará a visitar-nos daqui a cerca de 80 mil anos.

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