Pelo menos 15 mortos em 200 ataques de Israel ao Hezbollah no Líbano

Onda de 200 ataques israelitas no Líbano fez 15 mortes. Forças de Israel dizem que o alvo eram células terroristas do Hezbollah. No Irão, o Governo critica as sanções dos EUA após o ataque a Israel.

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Fumo espesso nos subúrbios do sul de Beirute após ataques aéreos israelitas a 12 de Outubro Louisa Gouliamaki / REUTERS
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Pelo menos 15 pessoas morreram na madrugada deste domingo, 11 delas em dois ataques no norte de Beirute, durante uma onda de 200 ataques realizados pelas forças de Israel direccionados a alvos do Hezbollah. A informação foi avançada pelo Ministério da Saúde libanês. Nove dessas 11 vítimas mortais estavam na aldeia de Maaysrah, situada a norte de Beirute, e as outras duas morreram em Deir Billa.

Entre os alvos atacados estão “células terroristas (milícias), lançadores, postos de mísseis antitanque e locais de infra-estruturas”, como armazéns de armas, segundo o comunicado militar israelita, que descreveu a ofensiva de guerra no país vizinho como “limitada, localizada e específica”.

No sul, mais quatro pessoas morreram e 18 ficaram feridas num ataque a Barja, no distrito de Shouf, 34 quilómetros a sul de Beirute. No sábado, Israel ordenou a retirada de outras 22 cidades no sul do Líbano e voltou a pedir à população civil que se deslocasse para norte do rio Awali.

A Cruz Vermelha informou que vários dos seus socorristas ficaram feridos este domingo num ataque a uma casa no sul do Líbano, para onde foram enviados "em coordenação" com a missão da Organização das Nações Unidas (ONU), que actua como tampão entre Israel e o Líbano. “Enquanto a equipa procurava vítimas para resgatar, a casa foi atingida pela segunda vez, causando ferimentos aos socorristas e danos em duas ambulâncias”, disse a Cruz Vermelha Libanesa.

Esta equipa, acrescentou a Cruz Vermelha, “foi enviada (...) em coordenação com a força de manutenção da paz da ONU (FINUL) destacada no sul do Líbano, bombardeada diariamente por aviões israelitas”.

Já o Hezbollah disse que disparou rockets contra soldados israelitas na aldeia de Maroun al-Ras, perto da fronteira entre o Líbano e Israel. Anteriormente, o movimento libanês pró-iraniano disse que os seus homens estavam a confrontar tropas israelitas que tentavam infiltrar-se perto de outra aldeia fronteiriça, a poucos quilómetros a oeste de Maroun al-Ras.

Há mais de duas semanas, o exército israelita lançou uma ofensiva com uma campanha de bombardeamentos sem tréguas contra o sul do Líbano e os subúrbios a sul de Beirute, conhecidos por Dahye. O conflito agravou-se a 1 de Outubro com a invasão terrestre do exército israelita no sul do Líbano — onde mantém actualmente quatro divisões —, acompanhada por uma intensificação dos bombardeamentos israelitas, que já provocaram mais de 2200 mortos e 10 mil feridos, a maioria no mês de Outubro.

Irão condena novas sanções

Entretanto, o Irão condenou veementemente e qualificou como ilegais as novas sanções dos Estados Unidos contra o sector energético iraniano devido ao ataque com mísseis de Teerão a Israel no dia 1 de Outubro. “A acção dos Estados Unidos de impor sanções contra diversas empresas e navios que, segundo os Estados Unidos, estão envolvidos na transferência de produtos petrolíferos iranianos carece de qualquer tipo de base legal ou lógica”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Ismail Baghaei, em comunicado.

O porta-voz descreveu como “acção legal e de acordo com o direito internacional” o ataque com 180 mísseis do Irão contra território israelita no primeiro dia de Outubro, em resposta às mortes do líder do grupo libanês Hezbollah, Hasan Nasrallah, de um general da Guarda Revolucionária em Beirute, no final de Setembro, e do chefe político da milícia islâmica palestiniana Hamas, Ismail Haniyeh, em Julho, em Teerão.

Israel prometeu retaliação, à qual as autoridades iranianas garantiram que responderão com maior força. Em reacção, o Departamento de Estado dos EUA anunciou no sábado novas sanções contra seis entidades envolvidas no comércio petrolífero iraniano e seis navios, enquanto o Tesouro sancionou 10 entidades em múltiplas jurisdições e bloqueou 17 navios.

O porta-voz da diplomacia iraniana denunciou “o papel destrutivo e negativo dos EUA na segurança e estabilidade” do Médio Oriente, ao fornecer apoio político e militar a Israel e acusou-o de ser “cúmplice no genocídio israelita” em Gaza e nas agressões contra o Líbano. O Irão lidera a aliança informal anti-Israel do “Eixo da Resistência”, composta pelo Hezbollah, o Hamas, os houthis do Iémen e as milícias iraquianas que apoiam Teerão.