BE e PCP acusam Governo de ser cúmplice de Israel e dizem que precisa de agir

BE acusou o Governo de ter “uma posição hipócrita e cúmplice”, dando como exemplo o facto de ainda não ter retirado o pavilhão português a um barco que transporta explosivos para Israel

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A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua e a deputada do partido Marisa Matias participam na manifestação Palestina Livre! Paz no Médio Oriente RODRIGO ANTUNES / LUSA
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Os líderes do BE e do PCP acusaram este sábado o Governo de ser cúmplice de Israel e desafiaram-no a agir para “parar o massacre” em curso no Médio Oriente, desde logo impedindo a entrega de armas a Telavive.

Em declarações aos jornalistas durante uma manifestação em Lisboa para exigir a paz no Médio Oriente e uma Palestina independente, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, salientou que “Israel está a pegar fogo ao Médio Oriente, está a violar o direito internacional, está a ocupar territórios e a proceder a uma limpeza étnica em Gaza, na Palestina, de forma ilegal, está a invadir o Líbano, está a matar centenas de civis todos os dias”.

“E o Ocidente está a assobiar para o lado, como se nada acontecesse, como se não houvesse direito internacional. Onde é que nós vamos parar, em que é que nos estamos a transformar? Num conjunto de nações que põe o direito internacional debaixo do tapete?”, questionou.

Mariana Mortágua defendeu que é “preciso agir” e acusou o Governo de ter “uma posição hipócrita e cúmplice”, dando como exemplo o facto de ainda não ter retirado o pavilhão português a um barco que transporta explosivos para Israel.

“Não impediu a passagem aérea ou marítima de armas que são destinadas aos massacres, à limpeza étnica, à guerra sem fim que Israel quer fazer no Médio Oriente. Não temos mais tempo a perder: não pode haver mais complacência, justificações, nem desculpas”, sustentou.

Para a coordenadora do BE, “esta guerra tem de ser travada” e, para isso, “é preciso parar o Governo de Israel e de Netanyahu, que é um Governo de extrema-direita, que está a proceder a uma limpeza étnica e a uma guerra contra toda a região”.

“Por isso, o que há a fazer é pôr sanções a Israel, bloquear a passagem de armas, retirar a bandeira a navios, ter uma posição inequívoca de reconhecimento do Estado da Palestina. Não aguentamos mais tanta cumplicidade e tanta hipocrisia”, disse.

Por sua vez, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, também presente na manifestação, defendeu que é preciso exigir o “fim do massacre, desta agressão sem limites que está a ocorrer com o povo da Palestina, com o povo libanês, às mãos de Israel e tendo como cúmplice a hipocrisia dos Estados Unidos, da União Europeia (UE) e do Governo português”.

Paulo Raimundo salientou que há um ano que se está a acompanhar um massacre que fez “milhares de crianças e de homens mortos” e advertiu que o conflito está agora a assumir umas proporções em toda a região do Médio Oriente “que não se imagina o que é que pode vir a acontecer”.

“É preciso exigir que Israel e os Estados Unidos parem este massacre, que a UE deixe ser cúmplice e hipócrita deste massacre e que o Governo português, de uma vez por todas - sem que isso resolva tudo - reconheça o Estado da Palestina, como um contributo decisivo para pressionar Israel a acabar com este massacre que está em curso”, disse.

Questionado sobre o que é que o Governo pode fazer perante o que está a acontecer no Médio Oriente, o secretário-geral do PCP respondeu: “Ou o Governo continua calado e cúmplice do que está a acontecer a esta hora em Gaza, na Cisjordânia, no Líbano e no Médio Oriente, ou toma a iniciativa de tomar iniciativa”.

“Há duas questões fundamentais: primeiro, impor o fim da transferência de armamento para Israel. A segunda questão, não resolve tudo, mas era um sinal importantíssimo, era o Governo português reconhecer o Estado da Palestina e a solução dos dois Estados”, disse, salientando que “não há nenhuma justificação” para o Governo não o fazer.

Milhares de pessoas estão hoje a manifestar-se no centro de Lisboa para exigir paz no Médio Oriente e uma Palestina independente.

"Paz sim, guerra não" ou "é possível e urgente a paz no Médio Oriente" são algumas das palavras de ordem ouvidas.

A manifestação começou cerca das 15.30 no largo do Martim Moniz e vai terminar no largo do município, na baixa de Lisboa.