Trabalhadores das cantinas e refeitórios reclamam melhores condições de trabalho

Os trabalhadores de cantinas e refeitórios reúnem-se esta sexta-feira em Aveiro por melhores condições de trabalho. Funcionamento de refeitórios de escolas e hospitais foi afectado.

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Trabalhadores das cantinas e refeitórios reclamam melhores condições de trabalho Miguel Manso
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Dezenas de trabalhadores das cantinas e refeitórios estão a manifestar-se, esta sexta-feira, em Aveiro, para exigir melhores condições de trabalho. É mais um dia de uma greve que está a afectar o funcionamento dos refeitórios das escolas e dos hospitais.

O protesto convocado pela Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht) decorre junto ao Parque de Exposições de Aveiro, onde arrancou esta manhã o congresso da Associação de Hotelaria Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), que conta com a presença do ministro da Economia, Pedro Reis.

À chegada, o ministro dirigiu-se aos manifestantes para ouvir as suas preocupações que se prendem sobretudo com melhores salários e um conjunto de direitos que dizem que lhes querem retirar.

“A AHRESP não negoceia há 21 anos o contrato colectivo de trabalho dos trabalhadores de cantinas e refeitórios com os sindicatos da CGTP e pretendem retirar direitos aos trabalhadores”, disse Afonso Figueiredo, dirigente da Fesaht, que defendeu ainda um “aumento substancial” do salário mínimo.

“Fizemos agora um aumento substancial, mas tomo boa nota do que disseram (...). Foi um passo importante este sinal de aumento que foi dado em acordos de concertação social, mas estamos cá para vos ouvir”, disse o ministro.

“Travar a exploração. A horários de 12 horas dizemos não” e “Há mão-de-obra e com formação. Não aceitamos mais exploração” são algumas das mensagens nos cartazes que os manifestantes vão exibindo, enquanto gritam palavras de ordem como “É mesmo necessário o aumento de salário”.

Paula Cordeiro trabalha há 37 anos no centro de formação da Pedrulha, em Coimbra, e disse que recebe apenas o ordenado mínimo. “Se entrar uma empregada, neste momento, ela ganha tanto como eu. Nunca recebi nenhuma diuturnidade. Não valorizam o trabalho de uma empregada de há muitos anos. É tudo a mesma coisa”, disse esta trabalhadora.

Doroteia Filipe, que trabalha como cozinheira de segunda no centro escolar de Nelas, em Viseu, também não está satisfeita com o salário. “Já trabalho na empresa há 33 anos e nunca subi de posto”, afirmou.

A greve nacional foi convocada pela Fesaht e abrange os trabalhadores das cantinas, refeitórios, fábricas de refeição, restauração das áreas de serviço das auto-estradas e bares concessionados.

A federação sindical exige a negociação do contrato colectivo de trabalho, aumentos salariais acima dos 150 euros para todos os trabalhadores, a actualização do subsídio de alimentação e o pagamento de retribuições para os trabalhadores com horário repartido ou que trabalhem em regime de turnos, e pelo trabalho ao fim-de-semana.

No topo das reivindicações está também a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais, 25 dias úteis de férias e a vinculação de todos os trabalhadores contratados a termo.

Quanto a casos concretos, a federação reivindica o pagamento de um subsídio de risco para os trabalhadores das cantinas dos hospitais e estabelecimentos prisionais, e contratos a tempo inteiro nas cantinas escolares com confecção.