Ucrânia investiga morte de jornalista que estava presa na Rússia

Viktoria Roshchyna, de 27 anos, desapareceu em Agosto de 2023 no Leste da Ucrânia.

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A organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras afirma que Roshchyna morreu a 19 de Setembro X/ DR
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A Ucrânia está a investigar a morte de uma jornalista ucraniana capturada na Rússia cujas reportagens permitiram vislumbrar a vida sob ocupação russa no início da invasão de Moscovo. Viktoria Roshchyna, de 27 anos, desapareceu em Agosto de 2023, depois de ter embarcado numa viagem de trabalho ao Leste da Ucrânia ocupada para fazer reportagem. Em Abril de 2024, Rússia reconheceu que Viktoria Roshchyna estava detida.

O Provedor dos Direitos Humanos da Ucrânia, Dmytro Lubinets, confirmou a sua morte nas redes sociais no final da tarde desta quinta-feira, 10 de Outubro, condenando a detenção ilegal. Não especificou as circunstâncias.

Andriy Yusov, porta-voz dos Serviços Secretos Militares ucranianos, disse à emissora pública Suspilne que Roshchyna fazia parte de uma lista de prisioneiros a serem trocados e que "tudo o que era necessário tinha sido feito" para que tal acontecesse. Segundo o mesmo responsável, a jovem deveria ter sido transferida para Moscovo a partir da cidade meridional de Taganrog.

A organização não governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras afirma que Roshchyna morreu a 19 de Setembro, citando uma carta que a família da jornalista recebeu nesta quinta-feira do Ministério da Defesa russo.

O gabinete do Procurador-Geral ucraniano declarou que tinha actualizado a investigação de crime de guerra sobre o desaparecimento de Roshchyna para incluir homicídio. Até à manhã desta sexta-feira, a Rússia não tinha comentado publicamente a morte da jornalista.

"O que é que fizeram com ela? O que é que podem ter feito a uma jovem rapariga para a fazer morrer?", escreveu no X a activista e colega Oleksandra Matviichuk, laureada com o Prémio Nobel da Paz em 2022.

Em comunicado, na sexta-feira, a União Europeia exigiu "uma investigação exaustiva e independente que esclareça todas as circunstâncias" da morte de Roshchyna. "O seu destino é uma lembrança trágica dos muitos milhares de pessoas detidas nos territórios ucranianos ocupados e na Rússia, bem como da repressão imposta pelas autoridades russas."

Repórter documentou a vida sob ocupação russa

Os relatos vívidos de Roshchyna documentaram os esforços de Moscovo para cimentar o poder russo em partes do Leste e do Sul da Ucrânia ocupada após a invasão do Kremlin, em Fevereiro de 2022. Roshchyna também captou a dificuldade da vida quotidiana na península da Crimeia, no mar Negro, que a Rússia tomou e anexou unilateralmente à Ucrânia em 2014.

Os artigos de Roshchyna para meios de comunicação como o Ukrainska Pravda e a Radio Liberty, financiada pelos Estados Unidos, incluíam fotografias de equipamento militar russo e revelavam a extensão das ruínas em Mariupol, a cidade portuária do Sudeste da Ucrânia devastada por um assalto e cerco russo que durou meses.

Roshchyna já tinha sido detida uma vez pelas forças russas, durante dez dias, no Sudeste da Ucrânia, nas primeiras semanas da invasão do Kremlin.

O chefe de redacção do Ukrainska Pravda, Sevgil Musaieva, descreveu Roshchyna como "incrivelmente corajosa" e empenhada em revelar a situação dos residentes sob ocupação russa. "Era impossível pará-la, retê-la. Ela era completamente dedicada ao jornalismo", escreveu Musaieva no Facebook.