Douro quer passar a desaguar também em Bruxelas

CIM Douro abriu nesta quarta-feira um gabinete de ligação junto das instituições da UE. Para dar a conhecer o potencial da região, poder captar apoios e atrair investimentos inovadores.

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O Douro quer mudar o paradigma e deixar de ser só vinho Sérgio Azenha
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Apostar na cibersegurança e na transformação digital, numa economia circular e sustentável, e no transporte fluvial são os três eixos centrais da estratégia dos municípios da bacia do Douro para acelerar o desenvolvimento económico e social da região. O plano foi apresentado nesta quarta-feira em Bruxelas, numa conferência que marcou também a abertura do Liaison Office da Comunidade Intermunicipal, que passa assim a ter uma espécie de porta aberta e uma ligação permanente junto das mais importantes instituições da União Europeia.

“A ideia é que possamos exercer alguma influência junto dos centros de decisão da UE, que funcione em dois sentidos. Por um lado, estar sempre atento e ter alguém em tudo o que acontece, por outro dizer também a Bruxelas aquilo que nos preocupa”, sintetiza o presidente da CIM Douro, Luís Reguengo Machado, que é também o presidente da Câmara de Santa Marta de Penaguião.

O objectivo último da associação que agrega 19 municípios das duas margens do Douro é que a sua voz possa chegar directamente a Bruxelas sem ter de passar pelos crivos nacionais e assim potenciar a captação de apoios e investimentos que promovam a competitividade da região, impulsionando a inovação, a transformação digital e criação de emprego qualificado. “O Douro vai beneficiar significativamente do novo quadro de apoios comunitários, que são fundamentais para o desenvolvimento da região”, nota o documento que a CIM Douro apresentou na conferência, e que aponta três eixos fundamentais.

O primeiro, e mais surpreendente e disruptivo, diz respeito à aposta na “cibersegurança e transformação digital”, que visa posicionar do Douro como “pólo de inovação com foco na cibersegurança e na indústria 4.0”. O presidente da CIM explica: “O que procuramos é trazer para o nosso território actividades que não impliquem quilómetros nem portagens e em troca oferecemos qualidade de vida e benefícios fiscais.” O autarca adianta que já tem havido contactos com uma empresa do sector, e que na próxima quinta-feira, dia 17 de Outubro, a CIM Douro vai promover um colóquio dedicado ao tema, que terá lugar na cidade da Régua.

Outro eixo de desenvolvimento é o que respeita à “economia circular e sustentabilidade” com projectos e investigação que possam combinar a tradição agrícola com as novas tecnologias. “Precisamos de mudar o paradigma do Douro, sair da ideia de monocultura do vinho, que é redutora e inibidora”, vinca o presidente da CIM, que alinha hipóteses como a utilização de películas e engaços das uvas na cosmética ou produção de energia, utilizações diversas para a maçã ou a amêndoa que diversifiquem o uso tradicional. Para isso, aponta para investimento e projectos de inovação e precisão que envolvam não só a UTAD, mas também os politécnicos de Bragança e Viseu ou o Instituto Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego.

Como terceiro pilar para o desenvolvimento, o documento enumera o “transporte fluvial”, o rio Douro como eixo vital para a economia da região e a valorização do transporte fluvial aliado a soluções ecorresponsáveis no transporte de mercadorias. Luís Machado aponta logo a cabeça o transporte de vinhos – como historicamente acontecia com os barcos rabelos – para ilustrar o papel central que o transporte fluvial pode ter para a diversificação de actividades e o desenvolvimento socioeconómico da região.

Reconhecendo tratar-se de planos ousados e ambiciosos, o autarca aponta mesmo assim para um horizonte de cinco anos para ver resultados concretos. “Temos de ser ambiciosos e optimistas e acreditamos que todos juntos podemos alterar o paradigma, fazer com que o Douro deixe de ser só vinho.”

Depois da apresentação da tarde desta quarta-feira, o Douro quer desaguar também em Bruxelas, para estar atento e ser interveniente directo na captação de fundos e investimentos. O Gabinete de Ligação passa agora a funcionar em permanência, como resultado de uma parceria com a consultora Magellan Circle, que o presidente da CIM Douro esclarece ter resultado de um processo de contratação pública.

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