Oliveiras espanholas mudam-se para as encostas da Hungria com o aquecimento do clima
Produção de azeite em Espanha afectada por secas e ondas de calor e o clima da Hungria é mais favorável às oliveiras, diz o produtor. Os olivais florescem mais a norte da Europa.
O produtor de vinho Csaba Torok, que cultiva azeitonas nas encostas quentes do Sul da Hungria, perto do lago Balaton, acredita que as suas árvores encontraram ali um novo lar de sucesso à medida que o clima da Europa se torna mais quente.
Torok, 55 anos, adquiriu as suas primeiras três pequenas oliveiras de Espanha por volta de 2008. Duas morreram congeladas no primeiro Inverno, mas uma sobreviveu, o que levou Torok a comprar mais 200 ao longo dos anos para plantar na sua vinha em Hegymagas, uma formação vulcânica com encostas soalheiras, chuva abundante e solo rico.
“Eu vejo essas árvores como parte integrante da paisagem futura aqui”, diz Torok, enquanto colhia as azeitonas com os amigos, observando que as árvores se adaptam cada vez melhor ao microclima local.
Ele leva a sua colheita de azeitonas colhidas à mão para a vizinha Eslovénia, onde é feito o seu azeite virgem.
À medida que o Sul da Europa é atingido por secas mais frequentes e ondas de calor abrasadoras, as áreas onde os olivais podem florescer parecem estar a deslocar-se para norte, acredita o produtor.
Os Invernos da Hungria tornaram-se mais amenos nos últimos anos. A Europa é o continente que regista o aquecimento mais rápido do mundo, segundo a Agência Europeia do Ambiente, e enfrenta um maior risco de seca no Sul.
A Espanha, que normalmente fornece cerca de 40% do azeite mundial, teve más colheitas de azeitona nos últimos dois anos devido a ondas de calor e a uma seca prolongada, o que fez duplicar os preços do azeite para níveis recorde.
Na semana passada, o Governo espanhol disse que as primeiras estimativas para a colheita deste ano indicavam uma recuperação, com a produção de azeitonas 2024-2025 prevista para 1262,300 toneladas, um aumento de 48% em relação à colheita anterior.
No Sul da Hungria, perto da cidade de Pecs, Gabor Stix experimenta um olival há anos, cultivando árvores para venda. Stix espera que todas as suas árvores cultivadas este ano sejam vendidas até Março. “As oliveiras adoram este clima. ... Poder-se-ia pensar que a Hungria não é adequada para a produção de azeitona, mas é”, constata Stix.
Mesmo a norte da Hungria, na Eslováquia, as pessoas têm comprado oliveiras para os seus jardins, para que estes tenham uma “sensação mediterrânica”. Na aldeia de Iza, o proprietário de um centro de jardinagem, Istvan Vass, importou este ano 25 camiões de oliveiras de Espanha, vendendo-as por 300-500 euros cada.
À medida que os compradores iam chegando para escolher as árvores, Vass avisava que, durante o primeiro Inverno, estas poderiam sofrer danos devido às temperaturas negativas, mas que cobri-las ajuda. “Há muitas oliveiras plantadas no exterior, nos jardins, e elas aguentam muito bem.”