Associação quer alargar a obesos comparticipação de medicamentos para tratar diabetes

Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal defendeu que a comparticipação deve ser alargada aos diabéticos tipo 2 com excesso de peso e também para o tratamento da obesidade.

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Desde 2022 que se registam problemas no abastecimento dos novos medicamentos para o tratamento da diabetes tipo 2, que são muito procurados para a perda de peso Paulo Pimenta (arquivo)
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O presidente da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) defendeu que a comparticipação dos medicamentos para o tratamento da diabetes tipo 2 deve ser alargada aos diabéticos com excesso de peso e também para o tratamento da obesidade. Em Julho, o Infarmed voltou a emitir recomendações aos laboratórios, profissionais de saúde e aos doentes com o objectivo de gerir melhor a escassez destes produtos, que têm registado elevada procura pela perda de peso a que estão associados.

“O problema dos medicamentos para diabetes e para a obesidade é um problema greve mundialmente”, disse o presidente da APDP, numa comissão parlamentar de saúde pedida pelo BE. Em relação a Portugal, “o Infarmed devia ir mais longe, no sentido de dizer qual é a comparticipação para a obesidade, quais as situações de obesidade que devem ter direito a comparticipação”. Actualmente, não existem em Portugal medicamentos comparticipados para o tratamento da obesidade.

José Manuel Boavida também defendeu o alargamento da comparticipação às pessoas com diabetes que tenham excesso de peso e não apenas com obesidade. “A decisão do Infarmed em dar unicamente [acesso à comparticipação] às pessoas com diabetes com índice de massa corporal (IMC) superior a 35 não faz sentido.”

“O próprio estudo em que o Infarmed se baseia para esta decisão mostra que as pessoas com IMC entre 30 e 35 têm melhores resultados”, disse, considerando que a referência poderá ser um IMC superior a 28, à semelhança do que fazem outros países.

Há mais de um ano que se registam problemas no abastecimento dos novos medicamentos para o tratamento da diabetes tipo 2, associados à grande procura que têm registado por todo o mundo em grande parte motivada pela perda de peso que permitem. E, por isso, mesmo sem comparticipação e fora da indicação original para que foram criados, aqueles medicamentos são prescritos para o tratamento da obesidade.

Questionado sobre a dificuldade de acesso dos diabéticos que não encontram estes medicamentos nas farmácias, José Manuel Boavida diz que “o laboratório tem um cap [limite máximo anual definido pelo Estado para gastar com a comparticipação] a partir do qual não recebe nada e, portanto, não coloca nas farmácias”.

“Isso é uma questão que o Infarmed tem de negociar e aqui também deixaria a sugestão de chamar os responsáveis destas casas comerciais e ver se estariam disponíveis a baixar preço”, disse o responsável. Boavida lembrou que nos Estados Unidos da América – onde os preços destes medicamentos “são dez vezes superiores aos Portugal” - os responsáveis das empresas foram chamados ao senado devido aos preços.

O presidente da APDP alertou ainda para o “problema” da “comercialização directa online” que alguns laboratórios estão a fazer sem necessidade de prescrição médica ou farmacêutica. “Pode vir a ter repercussões muito grandes. A venda de medicamentos online já é neste momento um problema grave a nível mundial”, reforçou, dando o exemplo da testosterona que “é o medicamento mais vendido online” e do qual “quase que não há disponibilidade ao nível das farmácias”. “É praticamente toda vendida online. O futuro pode trazer-nos algumas questões complexas de resolver”, apontou.

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