Acusação pede pena suspensa para a influencer que dava banhos frios à filha para parar birras

Joana Mascarenhas arrisca uma pena suspensa de prisão por violência doméstica pelos banhos de água fria a que submetia a filha para parar as birras. “Acto isolado”, mas merece sanção, diz a acusação.

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Imagem de arquivo. Os relatos da influencer de 36 anos foram alvo de críticas, inclusivamente por psicólogos e especialistas em pedagogia Manuel Roberto
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O Ministério Público quer que a influencer Joana Mascarenhas seja condenada a uma pena de prisão suspensa por violência doméstica, noticiou esta quarta-feira o Jornal de Notícias (JN). Em causa estão os relatos que a própria fez nas redes sociais no ano passado sobre como castigava a filha, à época com três anos, mergulhando-a em água fria quando fazia birras. O caso motivou a abertura de um inquérito pelo Ministério Público na Secção Especializada Integrada de Violência Doméstica de Lisboa.

Num vídeo publicado no Instagram em Julho de 2023, Joana Mascarenhas confessou que, perante uma birra da filha junto à piscina, mergulhou-a na água até ao pescoço. "Aquilo desconcentrou-a", afirmou: "O cérebro foi para outra coisa, estava com frio. Ao tirar o foco da birra, que ela estava a tentar ganhar — ora com quem, com uma taurina —, ela percebeu que 'caramba, se calhar a partir de agora, vou perder sempre'. Ela não faz uma birra na piscina há mais de dez semanas."

Noutra ocasião, em que a menina de três anos chorava durante a noite, a mãe repetiu a técnica: "Peguei nela, de pijama, fui para dentro da banheira, molhei-a toda com água fria. Foi um super remédio santo. Ela levou com o banho de água fria, tiramos-lhe a roupa, ficou só de fralda, embrulhei-a na toalha, deitou-se na cama e dormiu três horas. Maravilhoso", descreveu Joana Mascarenhas.

Os relatos da influencer de 36 anos foram alvo de críticas, inclusivamente por psicólogos e especialistas em pedagogia, e culminaram na abertura de um inquérito e num despacho de acusação. O Ministério Público considerou que o comportamento de Joana Mascarenhas molestava "física e psiquicamente" a filha ao "medir forças" com ela, através de um tratamento "indigno"que era "susceptível de causar desconforto e medo".

De acordo com o JN, a mãe nunca negou a veracidade dos relatos que publicou nas redes sociais, mas afirmou que os banhos de água fria — sobre os quais havia lido no passado como técnica para cessar as birras — serviam para "acalmar" a criança. Ana Cabaço, procuradora destacada para este caso, concordou que os actos da influencer tinham sido "um acto isolado" e uma "decisão infeliz" que deviam, ainda assim, ser sancionados.

Margarida Vaz, advogada de Joana Mascarenhas, argumentou que "uma decisão infeliz não pode assumir relevância criminal", principalmente porque os banhos de água fria não terão resultado em danos físicos ou psicológicos para a menina, que teve alta de acompanhamento psicológico logo após a primeira consulta. O caso será julgado no Tribunal Local Criminal de Lisboa a 16 de Outubro.

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