O cineasta mais brasileiro que argentino mostra democracia portuguesa como exemplo

Filme produzido pelo cineasta argentino, que vive há 35 anos no Brasil, será exibido nesta quinta-feira. Para ele, obra é homenagem ao povo português que disse sim ao fim de uma longeva ditadura.

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Carlos Pronzato, cineasta argentino que vive no Brasil, faz um alerta sobre o crescimento da extrema-direita Arquivo pessoal
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O cineasta Carlos Pronzato, mais brasileiro que argentino, como ele gosta de dizer, acredita que o momento não poderia se mais propício para o lançamento de sua mais recente obra: o documentário Memórias do 25 de Abril, 50 anos da Revolução dos Cravos, que será exibido nesta quinta-feira (10/10), na sede da Associação 25 de Abril, com direito a debate.

“Com a extrema-direita arreganhando os dentes em várias partes do mundo, é fundamental reforçarmos os valores da democracia. E Portugal é um belo exemplo de como uma ditadura tão longeva deu lugar a um regime democrático sólido”, afirma. “Esse exemplo vale, sobretudo, a experiência vivida pelo Brasil, onde a direita foi a grande vitoriosa das recentes eleições municipais e pode fazer o próximo presidente da República”, acrescenta.

Pronzato conta que, para fazer o documentário, ouviu 25 pessoas, entre elas, os capitães Vasco Lourenço e Rosado da Luz, o major Mário Tomé, os historiadores Raquel Varela e Luís Farinha, o sociólogo José Maria Carvalho, a ativista Ana Barradas e o ex-deputado João Soares. “É preciso ressaltar que a Revolução dos Cravos nasceu de um movimento de dentro das Foças Armadas portuguesas. De militares que estavam esgotados de guerras coloniais na África”, acrescenta.

Testemunho

Ele ressalta que, o lançamento do documentário foi antecedido pela divulgação, em 3 de outubro, do livro As Duas Mortes do Barbosa e Outros Contos no Rio de Janeiro. “Essa obra foi escrita durante a travessia de navio entre Brasil e Portugal. Diz o editor Marcos Pamplona, da Kotter Portugal, sobre o livro: “Os contos são testemunhos de um olhar cortante, em que se podem distinguir a crítica às injustiças sociais e o que é aparentemente irreal, mas igualmente revelador”.

O cineasta de 65 anos, dos quais 35 vividos no Brasil, diz que outros projetos estão a caminho, sempre com o intuito de combater o fascismo que teima em se mostrar presente em grupos extremistas que têm chegado ao poder de vários países. “Homenagear os capitães do 25 de Abril e o povo português, que deu todo apoio à volta da democracia, é uma forma de resistência. Espero ter cumprindo a missão”, assinala.

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