Direita chumba iluminar a fachada da AR com as cores da bandeira da Palestina

PSD, Chega, IL e CDS chumbaram a proposta do BE para projectar as cores da Palestina na fachada do Parlamento, apesar dos votos a favor de PS, PCP e Livre, sabe o PÚBLICO.

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A 27 de Outubro, faz um ano do ataque em larga escala de Israel em Gaza YAHYA ARHAB / EPA
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A direita rejeitou iluminar a fachada da Assembleia da República (AR) com as cores da bandeira da Palestina, como o Bloco de Esquerda propôs. Ao que o PÚBLICO apurou, a iniciativa dos bloquistas foi chumbada esta quarta-feira na conferência de líderes com os votos contra do PSD, do Chega, da IL e do CDS, ao passo que a esquerda, isto é, o PS, o BE, o PCP e o Livre, votou a favor.

Após a conferência de líderes, Fabian Figueiredo, presidente do grupo parlamentar do BE, considerou “incompreensível que haja uma maioria de bloqueio que tenha impedido que o Parlamento se posicione de forma clara a favor do cessar-fogo permanente e que esteja ao lado das vítimas palestinianas”.

Falando aos jornalistas no Parlamento, o bloquista defendeu que a guerra que Israel promove contra o povo palestiniano, em particular, na Faixa de Gaza, ganhou uma dimensão de genocídio, com mais de 41 mil vítimas civis. E lamentou que a mesma motivação que norteou a decisão de iluminar a fachada da Assembleia da República com as cores da bandeira de Israel em 2023, isto é, a paz e o luto com as vítimas, não tenha tido o colhimento maioritário dos líderes parlamentares.

A direita juntou-se para, em coro, rejeitar esta proposta que procura somar aos esforços de todos aqueles que, desde o início das operações militares em Gaza, têm procurado parar as armas e abrir um caminho para a paz. A começar pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, uma voz tantas vezes solitária, que era importante que a assembleia apoiasse, criticou, acrescentando que esta decisão é mais uma evidência da hipocrisia da diplomacia portuguesa”, que se posiciona a favor da solução dos dois Estados, mas só reconhece o de Israel.

Pelo BE, garantiu que o partido vai continuar a usar todos os espaços para "abrir caminho para a paz" e "posicionar Portugal na rota do cessar-fogo", a começar pela manifestação de solidariedade com a Palestina marcada para este sábado.

O Bloco de Esquerda tinha enviado uma carta ao presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, na passada sexta-feira a propor que a fachada do Parlamento fosse iluminada com as cores da bandeira da Palestina a 27 de Outubro, para assinalar “um ano da invasão em larga escala da Faixa de Gaza pelo Exército israelita”. E “como um sinal em defesa de um cessar-fogo permanente, que abra o caminho para uma paz duradoura em toda a região do Médio Oriente”.

Na missiva, o líder parlamentar do partido lembrava que os ataques do Estado de Israel à Faixa de Gaza já provocaram mais de 41 mil mortes e que o subsecretário-geral da ONU, Jorge Moreira da Silva, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertaram para a catástrofe humanitária e a crise da humanidade” em Gaza.

Apesar desta decisão, a conferência de líderes decidiu projectar as cores da bandeira de Israel na fachada da Assembleia da República, a 11 de Outubro de 2023, por proposta do grupo parlamentar de amizade Portugal-Israel. Na altura, essa iniciativa, que pretendeu ser um gesto de solidariedade com Israel após o ataque do Hamas de 7 de Outubro de 2023, teve o voto favorável de PS, PSD, Chega e IL e a oposição de PCP e BE.

Notícia actualizada com as declarações do líder parlamentar do BE

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