Fundação Côa Parque inicia visitas às novas descobertas arqueológicas

A recém-descoberta Rocha 60 do sítio arqueológico da Ribeira de Piscos, com pinturas a ocre do pós-paleolítico, revelou que a chamada Arte do Côa se prolonga por milénios. Visitas começam esta quinta.

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O Vale do Côa é um dos maiores santuários mundiais de arte rupestre ao ar livre Paulo Pimenta
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A Fundação Côa Parque (FCP) anunciou a abertura ao público, marcada para esta quinta-feira, da recém-descoberta Rocha 60 do sítio arqueológico da Ribeira de Piscos, uma área que reúne tipos de arte rupestre dos períodos paleolítico e posteriores.

"Temos a responsabilidade por esta nova descoberta e por todo o seu conhecimento junto do público em geral. Para o efeito, temos em fase de construção um cais palafítico para a atracagem de uma embarcação electrossolar que fará a ligação com o sítio arqueológico da Ribeira de Piscos", disse à agência Lusa a presidente da FCP, Aida Carvalho.

A responsável, que tem a tutela do Museu do Côa e do Parque Arqueológico do Vale do Côa, frisou que o dia de anúncio do início das visitas não foi escolhido ao acaso: a data de 9 de Outubro foi declarada Dia Europeu da Arte Rupestre pelo Itinerário Cultural do Conselho da Europa — Caminhos Pré-Históricos.

"Pretendemos assinalar este Dia Europeu da Arte Rupestre com [o anúncio da] abertura ao público desta grande descoberta, que é muito importante para este projecto cultural do Vale do Côa", indicou Aida Carvalho.

A pintura recém-descoberta, que aparenta representar elementos femininos, está enquadrada na visita ao núcleo de arte rupestre da Ribeira de Piscos, um dos mais importantes do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC).

"É uma visita que requer mais tempo, porque se trata de um núcleo de gravuras e pinturas mais disperso. Desta feita, combinámos num só sítio dois tipos de arte rupestre de períodos diferentes. Estamos a falar de um trajecto pedonal que pode levar três horas para ser percorrido", vincou Aida Carvalho.

A recém-descoberta Rocha 60 da Ribeira de Piscos, com pinturas a ocre do período pós-paleolítico, revelou que a chamada Arte do Côa se prolonga por milénios, constituindo essa continuidade o interesse da investigação arqueológica que é permanentemente efectuada no PAVC.

A "nova" forma de arte agora identificada e praticada pelos habitantes pré-históricos do Vale do Côa tem unicamente pinturas a ocre datadas do pós-paleolítico, com a arte naturalista e esquemática característica desse período, e surge num contexto de 30 mil anos em que até agora, no mesmo território, eram apenas conhecidos testemunhos da técnica do picotado ou de abrasão das rochas.

O Vale do Côa, um dos maiores santuários mundiais de arte rupestre ao ar livre, preenche, com esta descoberta recente, um espaço temporal de cerca de 5000 anos através da pintura, abrindo perspectivas na investigação e levantando questões sobre a conservação deste património.

No terreno está o projecto LandCRAFT.5, que é liderado pelo Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É, ainda, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Iniciado em 2020, permitiu, pela primeira vez, colocar a descoberto pinturas da chamada arte levantina da pré-história pós-paleolítica, ou seja, do período mesolítico.