Portugal atingiu um novo recorde de produção de energia solar

Energia solar produzida em Portugal até 5 de Setembro foi equivalente ao total gerado ao longo de 2023, refere a REN. Sistema Eléctrico Nacional registou também novo pico máximo de produção em Agosto.

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Até 30 de Setembro deste ano, as energias renováveis (incluindo a solar) abasteceram 73% do consumo nacional Rui Gaudêncio
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O país atingiu um novo máximo de produção de energia solar, com a quantidade gerada até 5 de Setembro a igualar o total produzido em 2023, segundo dados das Redes Energéticas Nacionais (REN), divulgados esta quarta-feira.

"Nos primeiros nove meses foram gerados 3,99 TWh [terawatts-hora], ultrapassando os 3,6 TWh produzidos entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2023, tornando, já em Setembro, 2024 um ano recorde em termos de produção solar em Portugal", informou a REN, em comunicado.

O Sistema Eléctrico Nacional registou ainda um novo pico máximo de produção solar de 2640 megawatts (MW) em 14 de Agosto, às 13h15, muito acima do máximo de 2023, de 1822 MW, registado em 23 de Setembro às 12h.

A REN realçou que, até 30 de Setembro deste ano, as renováveis abasteceram 73% do consumo nacional, dos quais 10% correspondem a produção solar, "demonstrando que Portugal tem mantido uma trajectória sustentável na progressiva incorporação de fontes renováveis endógenas, enquanto mantém os objectivos primordiais de segurança de abastecimento e de qualidade de serviço do Sistema Eléctrico Nacional".

Renováveis, um caminho sem volta

Um relatório do think tank Ember publicado este ano revelou que as energias renováveis, incluindo a solar, forneceram 30% da electricidade mundial em 2023. Segundo os autores do documento, a curva ascendente que está a ser desenhada no sector é um caminho sem volta.

"Na próxima década a transição energética vai entrar numa nova fase. Já é inevitável um declínio permanente do uso de combustíveis fósseis na geração de electricidade ao nível global, o que levará à redução de emissões no sector", concluem os autores do relatório da Ember.

A energia solar e eólica cresceram 513 TWh em 2023 e o nuclear 46 TWh. Com a queda da produção hidroeléctrica em 88 TWh, o resto da procura teve de ter resposta num aumento do uso dos combustíveis fósseis.

O crescimento da produção de energia a partir de fontes renováveis está em linha com os compromissos assumidos em 2015 no Acordo de Paris. Esta aposta permite reduzir a utilização de combustíveis fósseis e, como consequência, as emissões de gases com efeito de estufa.

Sem estes cortes drásticos no sector da energia, os cientistas climáticos consideram que não será possível cumprir as metas climáticas globais, ou seja, limitar o aquecimento global a dois graus Celsius acima da temperatura média do planeta registada antes da Revolução Industrial, ou, preferencialmente, apenas 1,5 graus. Na Cimeira do Clima das Nações Unidas COP28, realizada no Dubai em 2023, mais de 100 países aceitaram triplicar a capacidade de produção de energia renovável até 2030.