Tempestade Kirk varreu Norte do país: mais de 1300 ocorrências e acessos ao Porto condicionados

Maior parte das ocorrências está relacionada com quedas de árvores. Não há registo de feridos, mas foram contabilizados danos em viaturas e uma família desalojada. Várias escolas fecharam portas.

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Bombeiros Sapadores dizem que há estragos "por todo o lado" na cidade do Porto TIAGO LOPES
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Os estragos dos ventos fortes e chuva que persistiram durante toda a noite serão visíveis desde a zona da Constituição até à Boavista, passando pela Rua Guerra Junqueiro, Sá da Bandeira e muitas outras TIAGO LOPES
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Zona do Norte do país foi a mais afectada TIAGO LOPES
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Maior parte das ocorrências estão relacionadas com a queda de árvores TIAGO LOPES
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Não há registo de feridos TIAGO LOPES
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Maior parte das ocorrências estão relacionadas com a queda de árvores TIAGO LOPES
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Maior parte das ocorrências estão relacionadas com a queda de árvores TIAGO LOPES

A Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) registou, entre as 18h de terça-feira e as 9h desta quarta-feira, mais de 1300 ocorrências relacionadas com o vento forte, a grande maioria quedas de árvores. O IPMA informou que a tempestade Kirk deverá deslocar-se para nordeste e passar a noroeste da Península Ibérica, tendo estado "no ponto mais próximo do continente" às 7 horas desta quarta-feira.

José Miranda, oficial de operações da ANEPC, adiantou à Lusa que foram registadas 1329 ocorrências, mais de 77% foram quedas de árvores e no norte do continente. Foram empenhados 3850 operacionais e 1321 meios terrestres. “A região norte foi a mais afectada pelo mau tempo com 988 ocorrências, sendo que o maior número 415 foi registado na Área Metropolitana no Porto com muitas quedas de árvores devido à acção do vento”, adiantou.

As zonas com o maior número de ocorrências foram Viana do Castelo, Braga, Porto e Aveiro. Não foram registados feridos relacionados com o mau tempo, mas há contabilização de danos patrimoniais, segundo a Protecção Civil.

Os estragos dos ventos fortes e chuva que persistiram durante toda a noite serão visíveis desde a zona da Constituição até à Boavista, passando pela Rua Guerra Junqueiro, Sá da Bandeira e muitas outras. Na Senhora da Hora, em Matosinhos, também foram registadas múltiplas ocorrências. Por causa da queda de uma árvore, a circulação rodoviária da Avenida AEP, que liga os concelhos de Matosinhos e Porto, está cortada, disse à Lusa fonte da Protecção Civil.

Fonte dos Bombeiros Sapadores do Porto adiantou ao PÚBLICO que nesta cidade os estragos "estão por todo o lado". "Foram muitas chamadas durante a noite, mas agora de manhã, à medida que as pessoas despertam, estamos a receber mais ainda", disse a mesma fonte, sinalizando que a maioria das quedas de árvores e danos em estruturas, nomeadamente algumas habitações, ocorreu na cidade do Porto que tem vários acessos condicionados.

Também o mau tempo fez cair uma grua sobre um prédio residencial em Vila Nova de Gaia, indicou à Lusa fonte da Câmara Municipal. A grua também terá atingido outros dois edifícios e uma casa devoluta. Apesar de não haver registo de feridos, uma família ficou desalojada. A ocorrência foi registada, cerca das 5h, na Rua Pinto de Aguiar, em Mafamude, que faz a ligação entre a zona da Rasa e Santo Ovídeo.

A Escola Secundária Alexandre Herculano, no centro da cidade, está encerrada durante toda a manhã devido à queda de três árvores no interior do recinto escolar, disse à Lusa fonte da autarquia. Os trabalhos de remoção e limpeza deverão ficar concluídos durante a manhã, pelo que no período da tarde já deverá haver aulas.

Mais a norte, o agrupamento de Escola Doutor Bento da Cruz, em Montalegre, também fechou as escolas. A Protecção Civil de Montalegre, no norte do distrito de Vila Real, emitiu um comunicado em que informa que "não estão reunidas as condições de segurança para assegurar a realização do transporte escolar".

Ainda neste distrito, a auto-estrada 24 (A24), entre os nós de Vila Pouca de Aguiar e de Fortunho, foi cortada ao trânsito nos dois sentidos devido ao vento forte, disse fonte da GNR. Esta manhã um camião tombou no viaduto da A24, ao quilómetro 48, perto de Vila Pouca de Aguiar, numa zona onde o vento se faz sentir com muita intensidade. O viaduto possui cerca de 1300 metros de comprimento e 90 metros de altura máxima. Por precaução e por não estarem reunidas as condições de segurança, as autoridades resolverem cortar a A24, nos dois sentidos pelas 9h45 desta manhã.

Os distritos de Braga e Viana do Castelo vão manter-se, aliás, sob aviso laranja por causa da chuva, do vento forte (pelo menos até às 9h) e agitação marítima, até às 00h de quinta-feira. Também os distritos do Porto e Aveiro estão sob aviso laranja devido ao vento (até às 9h) e agitação marítima (até às 00h de quinta-feira). O IPMA previu rajadas de 75 quilómetros por hora (km/h), de até 95 km/h na faixa costeira e até 110 km/h nas terras altas entre as 3h e as 9h desta quarta-feira.

O IPMA informou em comunicado que a tempestade Kirk deverá deslocar-se para nordeste e deverá passar a noroeste da Península Ibérica, após passar a norte do arquipélago dos Açores, estando no ponto mais próximo do continente” às 7h desta quarta-feira.

Recomendações da Protecção Civil

A Protecção Civil já havia recomendado à população, em particular à das zonas historicamente mais vulneráveis e nas áreas afectadas pelos incêndios rurais, que tomasse medidas preventivas face ao mau tempo, dizendo que o impacto destes efeitos meteorológicos poderia ser minimizado, sobretudo através da adopção de comportamentos adequados.

Em particular nas zonas historicamente mais vulneráveis, e nas áreas afectadas pelos incêndios rurais, que ficaram sem coberto vegetal e com cinza acumulada à superfície, que funciona como uma matéria impermeável, mais expostas e vulneráveis à precipitação, a ANEPC recomendou medidas preventivas, como garantir a desobstrução dos sistemas de escoamento das águas.

Recomendou ainda que se garantisse uma adequada fixação de estruturas soltas, nomeadamente, andaimes, placards e outras estruturas suspensas, e que tivesse especial cuidado na circulação e permanência junto de áreas arborizadas, estando atento para a possibilidade de queda de ramos e árvores, em virtude de vento mais forte. A Protecção Civil também recomendou que se evitasse o estacionamento de veículos e motas juntos a árvores de grande porte.

A adopção de uma condução defensiva, reduzindo a velocidade e com especial cuidado a lençóis de água nas vias, e não atravessar zonas inundadas, de modo a precaver o arrastamento de pessoas ou viaturas para buracos no pavimento ou caixas de esgoto abertas, são outras das recomendações.

Outros efeitos expectáveis do mau tempo são o arrastamento para as vias rodoviárias de objectos soltos, ou desprendimento de estruturas móveis ou deficientemente fixadas, que podem causar acidentes com veículos em circulação ou transeuntes na via pública.

As autoridades apelaram ainda à população que sejam evitados passeios junto ao mar ou em zonas expostas à agitação marítima, de que são exemplo os molhes de protecção dos portos, arribas ou praias. Aconselham também a que não seja praticada a actividade da pesca lúdica, em especial junto às falésias e zonas de arriba “frequentemente atingidas pela rebentação das ondas, tendo sempre presente que nestas condições o mar pode facilmente alcançar zonas aparentemente seguras”.