Suspeito de rapto de Madeleine McCann absolvido de abusos sexuais
Brückner está a cumprir sete anos de cadeia por ter violado uma mulher na zona do Algarve onde Maddie desapareceu.
O alemão suspeito do desaparecimento de Madeleine McCann foi absolvido nesta terça-feira de acusações de abuso sexual.
Christian Brückner respondia na Alemanha por três acusações de violação agravada e duas de abuso sexual de menores, crimes alegadamente cometidos em Portugal entre 2000 e 2017. Apesar de formalmente identificado como suspeito no caso de Maddie McCann, que desapareceu do seu quarto em 2007 durante umas férias em família em Portugal, Brückner, de 47 anos, nega qualquer envolvimento no caso e nunca foi acusado pelas autoridades judiciais.
No julgamento que terminou nesta terça-feira em Brunswick, os procuradores defendiam que fosse condenado a uma pena de 15 anos de cadeia, que se somariam aos sete que já está a cumprir numa prisão na Alemanha por ter violado uma mulher na zona do Algarve onde Maddie desapareceu.
O seu advogado, Friedrich Fülscher, antecipou na segunda-feira que a absolvição era o único desfecho possível do processo, porque duas das vítimas de violação, uma adolescente e uma idosa, nunca foram identificadas. Uma testemunha-chave tinha anteriormente dito em tribunal que havia entrado na casa de Brückner em Portugal e encontrado vídeos que envolviam a violação de uma rapariga e de uma mulher com idade entre os 70 e os 80 anos. Uma mulher irlandesa declarou mais tarde, em julgamento, que havia sido violada quando tinha 20 anos por um homem mascarado que invadiu o seu apartamento em Portugal em 2004, recorda a BBC.
Ao proferir a decisão, a juíza Ute Engemann fez uma longa declaração explicando por que razão o arguido foi absolvido, tendo criticado o facto de os procuradores terem usado o desaparecimento de Madeline McCann neste processo, descreve o jornal britânico Daily Mail. "Nós, como juízes, fizemos um juramento, que é o de servir apenas a verdade. Levamos isto muito a sério (...). Este juramento significa que não temos de satisfazer a comunicação social, a defesa nem a acusação", defendeu a magistrada.
E prosseguiu: “Toda a gente tinha ouvido falar de Brückner no caso Maddie McCann. Quando, nos meios de comunicação social, uma pessoa é aqui descrita como um monstro sexual e um pervertido, isso influencia a testemunha. Quando são feitas sugestões desta forma, os testemunhos em tribunal são quase inúteis” para a descoberta da verdade.
O recluso termina a sua pena em Setembro do ano que vem, altura em que será libertado se até aí as autoridades não conseguirem provas suficientes para o ligar ao desaparecimento de Maddie na Praia da Luz, no Algarve. Porém, os procuradores alemães anunciaram já que vão recorrer da absolvição desta terça-feira, o que significa que o caso ainda pode sofrer uma reviravolta.