Selma Uamusse leva uma “carta aberta ao futuro” ao CCB

A cantora reúne uma geração mais jovem e afrodescendente em espectáculo no CCB, em Lisboa, no dia 1 de Novembro, para que o futuro seja “feito de misturas”.

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Concerto de Selma Uamusse no festival Mimo, em Amarante Paulo Pimenta
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A cantora Selma Uamusse apresenta em Novembro, em Lisboa, um espectáculo que é uma carta aberta ao futuro, escrita com uma nova geração de músicos e que assinala os 50 anos das independências das antigas colónias portuguesas em África.

O Centro Cultural de Belém (CCB) deu carta branca a Selma Uamusse e a proposta da cantora foi "fazer uma espécie de uma carta aberta para o futuro", que pudesse escrever com aqueles que vê como o futuro e uma nova geração de músicos.

"Queria pensar com uma geração mais nova como é que podemos estreitar relacionamentos, enquanto cidadãos afrodescendentes e portugueses. E de uma forma indirecta comemorar também os 50 anos das independências dos países africanos", disse a cantora, em declarações à Lusa.

Dessa geração fazem parte cinco "jovens, cantoras, mulheres, todas portuguesas, todas de origem afrodescendente" — Bárbara Wahnon, Nayr Faquirá, Ola Mekelburgh, Yeni Varela e Yeri Varela —, o quarteto de cordas Active Mess, composto por Edvania Moreno, Jacqueline Monteiro, Lívia Mendes e Mariana Santos, e a Orquestra Geração, "uma orquestra que trabalha com jovens que vêm de um contexto socioeconómico muito característico, mais periférico".

Aos representantes da nova geração juntam-se os músicos que habitualmente acompanham Selma Uamusse — Augusto Macedo, Gonçalo Santuns, Nataniel Melo, Milton Gulli — e ainda A Garota Não, "alguém que escreve muito sobre questões sociais" e que compôs um tema para Selma Uamusse, a ser apresentado ao vivo pela primeira vez no espectáculo.

A cenografia estará a cargo do artista multidisciplinar Nástio Mosquito. "[O espectáculo] É uma conversa em casa, em que todos têm espaço. Tem um fio condutor, que acaba por ser o meu repertório, mas não vive da minha musicalidade, da minha sonoridade. Vive desta confluência e desta reinterpretação que fazemos das músicas uns dos outros", contou.

A cantora assume que há neste espectáculo um "lugar de ocupação", que quer que seja "feminina, ancestral, de mulheres com algo a dizer. Poder dar espaço e honra a mulheres que admiro, tal como admiro a minha avó, a minha mãe", referiu, relembrando haver também a "intencionalidade de começar a celebrar as independências dos países africanos". O que se apresentará no dia 1 de Novembro no palco do Grande Auditório do CCB será "simbólico e representativo" daquilo que para a cantora é o futuro, "feito de misturas".

Selma Uamusse, nascida em Moçambique e radicada em Portugal desde o final da infância, está ligada ao canto gospel, passou pelo grupo rock WrayGunn, andou pelo jazz, com tributos a Nina Simone, já fez teatro e cinema.

Em 2018, editou o seu álbum de estreia, Mati, ao fim de quase 20 anos dedicada à música. E em 2020 lançou Liwoningo, álbuns em que canta em português, inglês, changana, chope e macua (três das línguas de Moçambique).

Os bilhetes para Carta Branca a Selma Uamusse já estão à venda e custam entre os 12,50 euros e os 25 euros.