Setembro deste ano foi o segundo mais quente de que há registo

“Os fenómenos extremos de precipitação deste mês foram agravados por uma atmosfera mais quente, que conduziu a precipitações mais intensas”, explicou Samantha Burgess.

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Em Setembro, Portugal teve uma vaga de enormes incêndios rurais Adriano Miranda
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Setembro de 2024 foi o segundo Setembro mais quente a nível global, ficando apenas atrás de Setembro de 2023, revelou nesta terça-feira o Serviço para as Alterações Climáticas Copérnico (C3S, na sigla em inglês). Com 1,54 graus Celsius acima do nível pré-industrial (1850-1900), Setembro de 2024 é já o 14.º mês, num período de 15 meses, em que a temperatura média global do ar à superfície excedeu 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

De acordo com os dados do programa da União Europeia, a temperatura média global dos últimos 12 meses — entre Outubro de 2023 e Setembro de 2024 é a segunda mais elevada de que há registo para qualquer período de 12 meses, com 0,74°C acima da média de 1991-2020, ou uma estimativa de 1,62°C acima da média pré-industrial de 1850-1900.

A directora-adjunta do C3S, Samantha Burgess, ​afirma que “os fenómenos extremos de precipitação deste mês, algo que observamos cada vez com mais frequência, foram agravados por uma atmosfera mais quente, que conduziu a precipitações mais intensas, com meses de chuva a cair em apenas alguns dias”.

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Anomalias mensais da temperatura global à superfície. Período de referência de 1850 a 1900 C3S/ECMWF

“O risco de precipitação extrema continuará a aumentar com o aumento das temperaturas; quanto mais cedo atingirmos as emissões neutras, mais cedo poderemos mitigar este risco”, salientou a cientista, citada em comunicado.

Leste europeu mais quente

Ao focar a análise apenas em território europeu, observa-se que este foi o segundo Setembro mais quente de que há registo (1,74°C acima da média de 1991-2020), atrás apenas do escaldante Setembro do ano passado, quando se registaram temperaturas 2,51°C acima da média.

De acordo com a base de dados ERA5, usada pelo Copérnico​, as temperaturas europeias estiveram acima da média no leste e nordeste da Europa, mas abaixo da média numa grande parte da Europa Ocidental, incluindo França, a maior parte da Península Ibérica e a Islândia.

As análises do C3S baseiam-se em milhares de milhões de medições efectuadas por satélites, navios, aviões e estações meteorológicas de todo o mundo. Fora da Europa, as temperaturas estiveram acima da média no Canadá, no centro e oeste dos Estados Unidos, na América do Sul, no nordeste de África, na China e no Japão.

Entre Junho de 2023 e Junho de 2024, a temperatura média de cada mês tinha sido sempre a mais alta para aquele mês em relação aos registos passados.

Setembro mais húmido (mas não na Península Ibérica)

Em Setembro de 2024, a tempestade Boris provocou fortes chuvas, inundações e danos associados em meados do mês na Europa Central e Oriental. Apesar de grande parte da Europa ter registado uma precipitação acima da média, o mês de Setembro foi mais seco do que a média no oeste e no sul da Península Ibérica, com incêndios florestais graves a assolar Portugal, assim como na Irlanda, no norte do Reino Unido e numa grande região do leste da Europa.

Quanto ao resto do globo, o mês de Setembro foi, na sua maior parte, mais húmido do que a média em várias regiões da América do Norte, com o sudeste do país a ser atingido pelo furacão Helene, assim como Taiwan e as Filipinas, que foram atingidas pelo tufão Krathon, e ainda o Paquistão, gravemente afectado pela temporada de monção.

Por outro lado, em regiões como a América do Sul e a Rússia, as condições mais secas do que a média facilitaram a propagação de incêndios florestais, agravando ainda situações de seca como a que se vê na região da Amazónia.