Colômbia defende compromisso único (em vez de três) em matéria de clima e biodiversidade

Existem três convenções da ONU sobre o ambiente — uma sobre alterações climáticas, outra sobre biodiversidade e outra sobre desertificação — e as negociações e compromissos são feitos separadamente.

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A ministra colombiana do Ambiente, Susana Muhamad, preside à COP16, a conferência da biodiversidade das Nações Unidas, que tem início em meados de Outubro Luisa Gonzalez/REUTERS
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A Colômbia quer escrever um compromisso unificado sobre o clima e a biodiversidade, procurando combinar os esforços para proteger a natureza com os esforços para combater as alterações climáticas nas negociações das Nações Unidas, anunciou a ministra colombiana do Ambiente, Susana Muhamad, em declarações à Reuters.

A nação sul-americana será a anfitriã da COP16, a cimeira da ONU sobre biodiversidade, que decorre de 21 de Outubro a 1 de Novembro, e que visa travar a rápida destruição da natureza.

Actualmente, as Nações Unidas têm três convenções sobre o ambiente assinadas em 1992 — uma sobre alterações climáticas, outra sobre biodiversidade e outra sobre desertificação — e as negociações e compromissos são feitos separadamente para cada tema.

Trata-se de um processo exigente para os países em desenvolvimento que não dispõem de muitos recursos, os quais poderiam mais facilmente ser aplicados no desenvolvimento de um plano unificado, defende a ministra colombiana. “Se estamos a repetir a mesma coisa em três convenções, penso que estamos a perder tempo e, provavelmente, também a perder a oportunidade de criar sinergias”, afirmou Susana Muhamad, que presidirá a COP16.

Essas sinergias incluem, por exemplo, o combate à desflorestação, que destrói a biodiversidade e é também a maior fonte de emissões para muitos países da América Latina, explicou a ministra do Ambiente.

A Colômbia espera que seja possível lançar um plano unificado antes da COP30, a cimeira da ONU sobre o clima que se realizará no Brasil em 2025. “Vamos enviar para as três convenções um plano de síntese que abranja as três de forma integral, porque na verdade elas estão profundamente interligadas”, disse Muhamad.

O Panamá apresentou a ideia de elaborar compromissos e planos unificados numa reunião de ministros do ambiente da América Latina, realizada no Rio de Janeiro no mês passado, e duas outras nações, que Muhamad não quis identificar, apoiaram fortemente a ideia.

O investimento de 40 mil milhões de dólares (cerca de 36 mil milhões de euros) que a Colômbia anunciou na semana passada não só ajudará o país na transição energética, afastando-se dos combustíveis fósseis, como também preservará a natureza.

A Colômbia está também a fazer pressão para que os direitos humanos estejam no centro dos planos ambientais e vai lançar na COP16 uma coligação Paz com Natureza, ecoando o lema da conferência.

“Acreditamos que cuidar da natureza, restabelecer a ligação à natureza e conservar a natureza em conjunto com os diferentes povos é construir a paz e tornar-nos mais resistentes aos choques provocados pelas alterações climáticas, que também criam um contexto mais alargado para os conflitos”, afirmou a ministra do Ambiente colombiana.