Jornal espanhol quer levar à justiça autores de crimes de ódio contra minorias

Publicação online CTXT criou uma plataforma cívica que terá uma vertente tripla: jornalística, comunitária e jurídica.

Foto
Imagem da "Acção contra o Ódio" DR
Ouça este artigo
00:00
02:53

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O jornal espanhol online Contexto e Acção-CTXT lançou no dia 1 deste mês uma plataforma cívica que tem como finalidade levar à justiça cidadãos e instituições que cometam crimes de ódio e de perseguição contra minorias. Com esse objectivo, lançou uma recolha pública de donativos que tem como primeira meta reunir 140 mil euros. Numa semana, já recebeu pouco mais de 60 mil, referentes a 1227 doadores.

Além da plataforma “Acção contra o Ódio” no seu site, onde explica a campanha e os seus objectivos, o jornal criou um grupo na rede WhatsApp, que nesta segunda-feira já tinha mais de 300 membros de vários países, na sua maioria juristas, jornalistas, activistas, académicos e outros cidadãos convidados ou autorizados pela direcção CTXT a entrar no grupo.

São estes cidadãos que relatam ao jornal os casos de perseguições a minorias por raça, sexo ou religião, nomeadamente de notícias falsas nas redes sociais. Cabe à direcção do jornal, ao presidente de honra da campanha, José Martín Pallín, magistrado emérito do Tribunal Supremo espanhol, e ao director do projecto, o jurista Joaquín Urías, ex-membro do Tribunal Constitucional de Espanha decidir quais os casos que irão participar à justiça ou à entidade reguladora dos media em Espanha.

O jornal será assessorado por um grupo de advogados e juristas que irão ajudar neste processo, denunciando aqueles “que persigam, de forma violenta, minorias ou limitem os direitos e liberdades individuais ou colectivas”.

A partir do mês de Novembro, o jornal espanhol publicará uma lista dos apelos ao ódio e as ameaças detectadas, nomeadamente através de notícias falsas. O grupo criou ainda uma conta na rede social X (@Contra_El_Odio), um email (contraelodio@ctxt.es) e um canal de Telegram, onde também podem ser feitas denúncias e debater questões sobre o tema. Promete ainda apoiar e divulgar iniciativas de luta contra o ódio.

“Entendemos que já não basta defender as minorias que são vítimas de ataques de ódio. A hora é de responder. Após várias deliberações do nosso conselho editorial, decidimos avançar com uma plataforma cívica de acção contra o ódio. É uma ferramenta colectiva aberta à cidadania para defender uma informação verdadeira e uma democracia mais justa e igualitária, sem racismo e sem violência contra as mulheres, os pobres, os imigrantes e outras minorias”, explicou ao PÚBLICO Miguel Mora, director do CTXT.

Este antigo jornalista do El País, ao serviço do qual foi correspondente em diversos países, nomeadamente em Portugal, acrescenta que o projecto tem também como objectivo “denunciar e levar à justiça os políticos, comentadores e comentadores de extrema-direita que enchem a esfera pública com mentiras, difamações e ameaças contra colectivos e gente indefesa”.

“Não vamos perseguir delitos de opinião e de ódio, mas sim aqueles meios de comunicação social e comentadores que apelem a perseguir fisicamente ou ameacem minorias por raça, sexo ou religião”, acrescentou Miguel Mora.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários