Guardas prisionais pedem em Vale de Judeus separação da segurança e reinserção social

Dirigentes sindicais inistem que “não foi por alta de aviso” que a fuga de cinco reclusos de Vale de Judeus aconteceu. Dizem que se nada for feito outras situações do género se irão repetir.

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Guardas prisionais estiveram concentrados em frente à cadeia de Vale de Judeus para demonstrar a união e a força do Corpo da Guarda Prisionalpiores razões, todas as denúncias e reivindicações da direção do SNCGP nos últimos 4 anos estão finalmente a ser ouvidas, nomeadamente pela ministra da Justiça\, em Vale de Judeus, Azambuja, 07 de outubro de 2024. CARLOS BARROSO/LUSA CARLOS BARROSO / LUSA
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Mais de 200 guardas prisionais concentrados esta segunda-feira em Vale de Judeus pediram à ministra da Justiça que os ouça e separe a segurança e a reinserção social para que o sistema prisional português possa funcionar.

"Esperemos que a senhora ministra da Justiça perceba de uma vez por todas que para o sistema prisional funcionar tem que haver a separação da reinserção social e da segurança", afirmou o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP), Frederico Morais, no final de uma manifestação de solidariedade em frente ao Estabelecimento Prisional de Cale de Judeus, em Alcoentre.

Além da solidariedade demonstrada para com os guardas do estabelecimento de onde há um mês se evadiram cinco reclusos, o encontro ficou marcado pelo apelo dos profissionais a que a titular da pasta tome medidas no sentido de "voltar ao antigamente, antes de 2012", quando estes dois sistemas eram separados.

Se assim não for, "daqui a um ano voltamos a estar a falar do mesmo, e podemos estar a falar de fugas como de mortes de reclusos ou mortes de guardas", disse Frederico Morais à agência Lusa, vincando ser isso que os guardas prisionais "querem evitar".

Na concentração, que segundo o presidente do sindicato contou com mais de 250 guardas prisionais de todo o país, o dirigente sindical do Corpo da Guarda Prisional, Sérgio Brilhante, lembrou que "não foi por alta de aviso" que a fuga de cinco reclusos aconteceu.

Segundo o também guarda, nesta prisão de alta segurança em 2021 os guardas fizeram "uma greve geral precisamente para exigir segurança em Vale de Judeus, que não existia".

O guarda, que se encontrava de serviço no dia em que aconteceu a fuga, afirmou que "não se pode reagir de ânimo leve a uma situação destas, exigindo que "a curto prazo se construam torres de vigilância e reforcem o efectivo de guardas" neste estabelecimento.

A concentração de apoio aos guardas do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus contou com a presença de profissionais do Porto, Bragança, Paços de Ferreira, Izeda, Pinheiro da Cruz, Coimbra, Lamego, e Lisboa, entre outros, confirmou Frederico Morais.

"Cerca de 65% do efectivo da guarda Prisional está se serviço todos os dias, 10 a 15% vai entrar de serviço às 16h00, o que impossibilita o pessoal de longe vir aqui", disse, considerando "muito boa" a adesão de mais de 250 guardas ao protesto.

O presidente do SNCGP admitiu que, desde a fuga " houve lutas conquistadas", entre as quais o acordo relativo ao sistema de avaliação e desempenho e a abertura do concurso de guardas previsto para esta semana e, a nível de segurança dos serviços prisionais, o facto de "ter sido dada ordem para haver sempre um guarda nos pátios e uma actualização do plano de emergência em caso de fuga, porque era lamentável que até à semana passada ainda tivéssemos lá inscrito o número do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF)", serviço já extinto.

"Toda a gente é culpada"

Relativamente a Vale de Judeus, Frederico Morais afirmou que "o ambiente é pesado" depois de os guardas prisionais terem ficado sob "o holofote" nacional e internacional, mas desvalorizou a culpa dos guardas prisionais [na fuga], que são "executantes" que "cumprem escalas" e que já haviam denunciado a existência de "uma falha do sistema, desde 2021, pelo menos".

"Toda a gente é culpada, não venham é empurrar para cima do guarda prisional, que é o elo mais fraco", afirmou, garantindo que tal não acontecerá enquanto estiver à frente do sindicato.

Daí a manifestação de solidariedade para responder à "tentativa de ataque, tentativa de denegrir a imagem" dos guardas prisionais, quando se registam "problemas de segurança a nível nacional" para os quais os guardas dizem ter alertado, mas, lamentou, "nunca ninguém fez nada".

"É lamentável, tivemos que chegar a uma fuga de cinco reclusos para olharem para nós", disse Frederico Morais, no dia em que foi anunciada a detenção de Fábio Loureiro, um dos evadidos há um mês do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus.

O presidente do Sindicato elogiou o trabalho da Polícia Judiciária que considerou "uma força excelente desde o primeiro dia" e felicitou a polícia espanhola e de Marrocos.

Os guardas estiveram concentrados entre as 11h00 e as 14h00, numa manifestação pacífica, que teve como ponto alto a saída dos guardas prisionais de Vale de Judeus, para a pausa de almoço, parando para cumprimentar os manifestantes.