Elon Musk foi a estrela no regresso de Trump ao local da tentativa de assassínio na Pensilvânia

A um mês das eleições nos EUA, o candidato republicano regressa ao estado que pode ser decisivo para a decisão sobre o próximo Presidente.

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Elon Musk dividiu as atenções com Trump neste sábado REUTERS/Brian Snyder
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O candidato republicano à presidência dos EUA, Donald Trump, regressou no sábado a Butler, na Pensilvânia, onde foi vítima de uma tentativa de assassínio, reunindo uma grande multidão num dos estados-chave (ou swing state), um mês antes das eleições de 5 de Novembro.

“Como eu estava a dizer”, disse Trump quando apareceu no palco, fingindo que estava a retomar o discurso que tinha sido interrompido quando foi atingido de raspão na orelha por uma bala, a 13 de Julho. A meio do discurso, Trump chamou ao palco um poderoso aliado, Elon Musk, director executivo da Tesla e proprietário da plataforma de redes sociais X. Foi a primeira vez que participou num evento da campanha de Trump desde que apoiou o antigo presidente, a 13 de Julho.

Musk saltou literalmente para o palco com os braços erguidos. “O verdadeiro teste ao carácter de alguém é a forma como se comporta sob fogo”, disse Musk, chamando às eleições uma ‘situação em que Trump tem de ganhar’ e exortando a multidão a registar-se para votar. “Sejam uma praga para todos os que conhecem”, disse Musk.

Trump saudou o bombeiro Corey Comperatore, que foi baleado e morto pelo atirador, e duas outras pessoas que ficaram feridas. Às 18h11, a hora exacta em que o tiroteio começou, a 13 de Julho, Trump pediu um momento de silêncio. De seguida, um sino tocou quatro vezes, uma para cada uma das quatro vítimas, incluindo Trump.

"Fight, fight, fight"

No seu discurso, Trump deu a entender, sem provas, que enfrentava “um inimigo interno” mais perigoso do que um adversário estrangeiro. Em relação ao atirador, disse que “um assassino a sangue-frio" tinha como objectivo silenciá-lo, mas “não parou o movimento”.

A multidão aparentava ser de dezenas de milhares de pessoas, muitas delas envergando trajes de Trump. Alguns entoaram o slogan “luta, luta, luta” (fight, fight, fight, em inglês) que Trump usou para reunir os seus seguidores momentos depois de ter sido baleado.

“Estamos aqui para dizer que não podemos ser intimidados, que não podemos ser detidos”, disse à multidão o senador republicano do Ohio, JD Vance, candidato a vice-presidente, ao lado de Donald Trump. Vance rejeitou o argumento da vice-presidente Kamala Harris e de outros democratas de que Trump representa uma ameaça à democracia.

“Donald Trump levou um tiro pela democracia. Que raio fizeste tu?”, disse Vance.

As pessoas aplaudiram quando o avião de Trump sobrevoou o comício antes de aterrar, enquanto os altifalantes tocavam o tema do filme Top Gun. Os reboques foram alinhados à volta do local como medida de protecção para bloquear a vista circundante, incluindo o edifício onde o atirador abriu fogo.

Para aumentar a atmosfera carnavalesca, três pára-quedistas com bandeiras americanas atrás de si desceram e aterraram perto do edifício.

O dia 13 de Julho foi o primeiro de dois atentados contra a vida de Trump. Em 15 de Setembro, um homem armado escondeu-se sem ser detectado durante quase 12 horas no campo de golfe de Trump em West Palm Beach, na Florida, com planos para o matar, segundo os procuradores, mas foi impedido por um agente dos Serviços Secretos dos EUA que patrulhava o campo à frente de Trump.

As autoridades republicanas esperam que o regresso de Trump a Butler aumente a afluência às urnas entre os seus principais apoiantes na Pensilvânia, um estado que ele e a sua adversária democrata, Kamala Harris, consideram crucial para vencer no dia 5 de Novembro.

“Vou voltar a Butler porque sinto que tenho a obrigação de voltar a Butler”, disse Trump à rede de notícias por cabo NewsNation no início desta semana. “Nunca terminámos o que era suposto fazermos.”

Os oradores iniciais do comício concentraram-se em recordar Comperatore, cujos familiares estavam presentes.

Não deixaremos que esse dia trágico ofusque a luz da nossa comunidade”, disse JD Longo, presidente da câmara da cidade vizinha de Slippery Rock. O tiroteio de Butler levou a uma crítica generalizada aos Serviços Secretos dos EUA e à demissão do seu director.

Os críticos levantaram preocupações sobre a forma como o suspeito de 20 anos, Thomas Matthew Crooks, conseguiu aceder a um telhado próximo com uma linha de visão directa para o local onde Trump estava a discursar. Crooks foi posteriormente morto a tiro por agentes dos Serviços Secretos.

Uma investigação dos Serviços Secretos detectou falhas de comunicação e uma falta de diligência antes do tiroteio. No rescaldo, a agência aprovou medidas de segurança adicionais para Trump, incluindo a utilização de vidro à prova de bala para o proteger em comícios ao ar livre.

O porta-voz dos Serviços Secretos, Anthony Guglielmi, disse numa declaração antes do comício de sábado que tinha havido “mudanças e melhorias abrangentes nas capacidades de comunicação, recursos e operações de protecção”.

Trump considera que o facto de ter virado a cabeça para ler um gráfico num vídeo lhe salvou a vida. Com sangue a escorrer-lhe pela cara, ergueu o punho e gritou “luta” aos seus apoiantes, uma imagem viva desse dia. Durante os dias seguintes, usou uma ligadura branca na orelha ferida.

“Adoro este gráfico”, disse Trump quando ele apareceu no ecrã no sábado. “Não é lindo?”