Eikoh Hosoe (1933-2024), o fotógrafo que tentou fundir-se com a sua fotografia

Oníricas, inquietantes, sensuais, sombrias — as fotografias de Eikoh Hosoe tentam captar o estado transcendental que pode resultar de um encontro. São imagens que marcaram gerações e ressoam até hoje.

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Eikoh Hosoe durante o FotoArtFestival, em Bielsko-Biala, Polónia, em 2005 Piotr Bieniecki (Wikimedia Commons)
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No intrincado universo visual do japonês Eikoh Hosoe, a dificuldade maior é escolher por onde começar o seu rol de feitos pioneiros que contribuíram não apenas para outorgar à imagem fotográfica uma expressividade subjectiva e radical, como para instigar o operador a fundir-se com o sujeito fotográfico, procurando um gesto artístico novo, mais poroso, uma osmose. Olhando para o intenso percurso artístico que protagonizou — sobretudo entre meados dos anos 1950 e os anos 1970 —, podemos encontrar múltiplos exemplos de um empenho férreo em criar imagens (livros, exposições, performances colaborativas…) que esticassem para lá do conhecido os limites e desafiassem as convenções “do que a fotografia deveria ser ou poderia fazer”. Co-fundador da impactante cooperativa Vivo (da palavra esperanto “vida”), curador que deu a conhecer no Japão o trabalho de grandes nomes da fotografia ocidental, professor que instigou (e marcou) a carreira de jovens talentos (com a “estrela” Daido Moriyama à cabeça, que foi seu assistente) e, sobretudo, um incansável potenciador de cumplicidades com escritores, bailarinos e actores na expectativa de afirmar a fotografia como uma força vital na dinâmica de vanguarda artística do Japão do pós-guerra, um país que tentava não apenas reinventar-se, mas, sobretudo, reencontrar-se.

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