Venezuela. ONG denuncia que detidos em protestos pós-eleições estão desnutridos

Maduro ordenou que detidos em protestos fossem colocados em duas prisões de segurança máxima. ONG denuncia que reclusos recebem “dois copos de água por dia” e que a alimentação é “insuficiente”.

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Mulher veste uma camiseta com fotografia de um familiar que foi detido durante os protestos após as eleições presidenciais da Venezuela, em Caracas, Venezuela Gaby Oraa / REUTERS
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Uma organização não governamental (ONG) denunciou que os detidos após os protestos contra o resultado das eleições presidenciais de Julho na Venezuela não estão a receber alimentação suficiente ou estão mesmo desnutridos.

“Quando as famílias vêm ver os seus entes queridos, não os reconhecem pela situação em que se encontram, vêem-nos desnutridos e pálidos”, assegurou o Observatório Venezuelano de Prisões (OVP), num comunicado.

A 1 de Agosto, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou que fossem colocadas em duas prisões de segurança máxima as pessoas detidas em protestos contra o resultado oficial das eleições presidenciais, em que foi declarado vencedor pelas autoridades, num processo rejeitado pela oposição maioritária e por grande parte da comunidade internacional.

“A alimentação recebida pelos jovens detidos, que foram levados para a cadeia de Tocoron, no estado de Aragua [centro], é também insuficiente, segundo os seus familiares. Além disso, bebem água imprópria”, disse o OVP, acrescentando que a situação é a mesma na prisão de Tocuyito, no estado de Carabobo (centro).

Tanto em Tocoron como Tocuyito, os reclusos recebem apenas “dois copos de água por dia”, acrescentou a organização.

Algumas mães conseguiram ver os filhos apenas durante dez minutos ao fim de dois meses, disse o OVP, que denunciou ainda casos de humilhação durante as visitas.

Segundo dados oficiais, mais de 2400 pessoas foram presas desde 29 de Julho (algumas em manifestações e outras em operações policiais) e 27 foram mortas em actos de violência que o Governo atribui à oposição, enquanto a oposição culpa as forças de segurança do Estado, sob ordens de superiores.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de luso-descendentes, realizou eleições presidenciais em 28 de Julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia (actualmente exilado em Espanha) obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as actas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um ciberataque de que alegadamente foi alvo.