Jovens portugueses cruzam o Atlântico para aprender como é viver na Amazônia

Os adolescentes embarcam na segunda-feira para o Brasil. Eles fazem parte de um projeto firmado entre Ourém, em Portugal, e Ourém, no Pará. Cinco jovens brasileiros já fizeram o caminho inverso.

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Jovens brasileiros que, no ano passado, estiveram em Portugal para mostrar como é viver na Amazônia, com o secretário de Estado João Moura Arquivo pessoal
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Cinco jovens portugueses, de 14 a 16 anos, embarcam na próxima segunda-feira (07/10) para a Amazônia brasileira, onde ficarão por uma semana. Eles fazem parte de um projeto promovido pelo município de Ourém, em Portugal, que promove intercâmbio entre adolescentes do país e meninas e meninos brasileiros, de igual faixa etária, que vivem na cidade do mesmo nome no estado do Pará. No ano passado, cinco jovens brasileiros, alguns indígenas, fizeram o caminho inverso ao cruzaram o Atlântico para trocar experiências de vida, culturais, educacional e gastronômica com estudantes de Portugal.

“Estamos falando de um projeto vitorioso, que entra em sua segunda fase. Agora, é a vez de os jovens portugueses viverem a experiência de vida na floresta Amazônica, conhecer os hábitos e as tradições locais para que possam transmiti-los a seus colegas em Portugal”, diz o secretário de Estado de Agricultura, João Moura, responsável pelo intercâmbio quando era presidente da Câmara Municipal de Ourém. Ele conta que os jovens escolhidos passaram por uma seleção. Do lado brasileiro, os cinco eleitos ficaram com a missão de apresentar aos portugueses a responsabilidade ambiental com a Amazônia, mantendo sua preservação.

No caso dos jovens portugueses, o propósito será o de apresentar aos brasileiros a importância do 25 de Abril para Portugal, que se livrou de uma das ditaduras mais longevas da história e se reconstruiu como democracia. “Essas trocas de experiências são fundamentais entre os jovens. Da mesma forma como os brasileiros participaram de aulas nas escolas, conversaram com estudantes, tiveram noções de gastronomia na escola de hotelaria de Fátima, os portugueses aprenderão o que é a Amazônia, pois andarão pela floresta e viajarão por alguns rios, e terão noções sobre como é viver lá e a culinária local”, detalha Moura, que acompanhará os jovens.

Jovens brasileiros viram pela primeira vez a neve na Serra da Estrela Arquivo pessoal
Estudantes brasileiros mostraram a colegas portugueses a importância de se proteger a floresta Amazônica Arquivo pessoal
A culinária portuguesa entrou no roteiro dos jovens brasileiros. Eles aprenderam a preparar quitutes na escola de hotelaria de Fátima Arquivo pessoal
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Jovens brasileiros viram pela primeira vez a neve na Serra da Estrela Arquivo pessoal

Segundo o secretário, um dos momentos mais emocionantes da passagem dos cinco brasileiros por Portugal, no ano passado, foi a ida deles à Serra da Estrela, que estava coberta pela neve. “Ali vivi uma das experiências pessoas mais marcantes da minha vida. Vi aqueles garotos se jogando na neve, se ajoelhando, brincado. Eles nunca poderiam imaginar que estariam ali, dada a realidade em que vivem e a distância em relação ao Brasil. Foi gratificante”, afirma. Ele acredita que os jovens portugueses terão sensação semelhante ao se depararem com a imensidão da floresta Amazônica, tão fundamental para o equilíbrio do clima do planeta.

Relações comerciais

Moura ressalta, ainda, o bom momento das relações entre os ministérios da Agricultura do Brasil e de Portugal. “Já estive pessoalmente com o ministro brasileiro (Carlos Fávaro), que tem se mostrado extremamente sensível sobre a necessidade de os dois países desenvolverem uma parceria efetiva, que resulte na ampliação das trocas comerciais”, assinala. Ele conta que já foi assinado um protocolo entre os dois ministérios para que os negócios possam ir muito além do vinho, do azeite e do bacalhau, do lado português, e das carnes, da soja e de outros cereais, da parte brasileira.

“Objetivo final dessa parceria é incrementar os negócios dos dois lados. Pretendemos dar primazia aos produtos brasileiros e o Brasil fará o mesmo em relação aos produtos portugueses”, destaca Moura. Ele reconhece que Brasil e Portugal fazem parte de dois blocos comerciais diferente — Mercosul e União Europeia, que tentam um acordo há mais de 20 anos, sem sucesso —, mas, respeitando as regras de cada um, será possível chegar a consensos que ampliam as transações comerciais. “Estamos em negociações bem avançadas”, assegura.

Além do incremento das trocas comerciais, o secretário diz que Portugal e Brasil vão desenvolver, em conjunto, uma série de pesquisas na área agrícola sobre doenças e pragas que afetam o plantio. “Vamos compartilhar conhecimento, pois os dois países têm muito a oferece um ao outro”, afirma. “O Brasil será o primeiro país, fora da União Europeia, com o qual dividiremos pesquisas”, acrescenta. A meta é falar a mesma língua também no campo da pesquisa. “Vamos fazer com que nossas instituições de fiscalização, de controle de alimentos e de controle de produtos trabalhem em plena sintonia”, complementa.

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