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Os bolos brasileiros que fazem a festa da realeza britânica aos jogadores de futebol
Confeitaria Sucré, com receitas brasileira e francesas, se torna fornecedora de guloseimas para ricos e famosos, mas, também, prepara o bolo da hora ao gosto do freguês.
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A brasileira Renata Ibanes, 37 anos, entrou para mundo encantado de guloseimas, em que os bolos são os protagonistas, há 20 anos. Em 2018, em Portugal, ela criou a Sucré e Cacao em parceria com o então sócio Odailson Santos, que tinha uma pastelaria à beira da falência, cuja recuperação se deu a partir de um evento preparado por ela, no Rock in Rio Lisboa. Os clientes da empresa vão da realeza britânica a jogadores famosos e personalidades de Portugal e de outros países.
O negócio deu tão certo em Portugal, que uma segunda loja foi aberta em Mem Martins, Sintra, já sem o sócio, e uma terceira na região de Parede, Cascais. Segundo a cakedesigner, o trabalho que realiza, com receitas brasileiras e francesas, é a materialização do sonho dos clientes que desejam algo exclusivo e com muito charme. Um ano atrás, o marido dela, Fernando Pires, 35, formado em Tecnologia da Informação (TI), se juntou ao negócio, cuja marca passou a ser apenas Sucré, depois de uma parceira com a Nestlé portuguesa.
Renata lista entre suas produções o bolo que criou para o Jubileu de Platina da Rainha Elizabeth, com mais de dois metros de altura, em junho de 2022. O evento, realizado na Embaixada Britânica, contou com a presença do Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, além do corpo diplomático acreditado no país. Pratos ornamentados em ouro com a marca da realeza vieram especialmente do Palácio de Buckingham, em Londres, para a festividade. A entronização do Rei Charles, após a morte da Rainha Elizabeth, também foi comemorada com um bolo decorativo preparado pela Sucré.
Há alguns meses, a Sucré ganhou a adesão de outro casal brasileiro, Simone Calixto, 52, publicitária, e Antônio Lima, 55, do mercado de capitais, como investidores e responsáveis pela gestão financeira. O que já vinha dando certo para ampliar a clientela, onde o luxo e a sofisticação são marcas presentes, cresceu ainda mais.
Como o cliente quer
Inicialmente, a ideia era criar uma casa de festas comum, com bolos e doces para comemorações em geral, mas acabou se transformando em um negócio de milhares de euros: delícias inspiradas nas vovós confeiteiras, que ganharam apresentação moderna e uma dose de sofisticação.
Além de casamentos, são frequentes os pedidos à Sucré para batizados, bodas de prata, bodas de ouro e outras datas consideradas importantes para as famílias. As mais abastadas, por sinal, não veem dificuldades em fretar um avião do Brasil para Portugal para transportar os convidados, alugar um palácio, onde todos ficam hospedados, e realizar a festa discretamente, longe dos paparazzi.
Foi o caso de um evento organizado pela Sucré no Vidago Palace, no Norte do país, que tem quartos com 80 metros quadrados e diárias em torno de mil euros (R$ 6 mil). Um milionário brasileiro trouxe os convidados e alojou-os durante três dias. A festa foi organizada, decorada e abastecida com bolos e guloseimas preparados pela empresa. Estima-se que o custo da festa tenha ultrapassado os 500 mil euros (R$ 3 milhões) — por contrato com os responsáveis pela preparação da festa, os valores não podem ser divulgados.
A variedade de sabores e texturas atrai os paladares mais exigentes. Assim sendo, uma importante empresa de Portugal, do setor de cortiças, encomendou um bolo comemorativo para a colheita de 2024, no valor de 700 euros (R$ 4,2 mil). Outra comemoração que chamou a atenção foi a festa de aniversário da filha do jogador Marquinhos, do clube Paris Saint-German, capitão da Seleção Brasileira, realizada no estádio Parc des Princes, na capital francesa. A festa exigiu uma espetacular infraestrutura para levar o bolo de Lisboa, desmontado, até o estádio, onde ganhou a feição final.
Além dele, a empresa organizou festas com bolos para familiares dos jogadores Diogo Costa, goleiro do time saudita Al-Hilal (ex-Porto) e da Seleção Portuguesa; Bernardo Silva, do Manchester City; e Rafael Leão, do Milan; e para empresários de atletas renomados, como Jorge Mendes, e para a apresentadora de TV Cristina Ferreira.
Exportações
A Sucré também exporta algumas das suas produções para países como Itália, Inglaterra, Polônia, França e Espanha. Renata esclarece que conta com uma equipe importante para alçar voos tão altos e destaca a contribuição de empresas de decoradores que apoiam o trabalho dela, como Menta Dourada, Kefi Eventos e Los Themes.
Os sócios da Sucré, Simone e Antônio, injetaram profissionalismo na empresa. “Sair da loja e expandir o negócio para outras regiões do país é a meta”, adianta Simone. O objetivo é democratizar o bolo, com o know-how e a expertise da Renata, dividindo a produção em duas áreas: uma, para um público mais exclusivo, como já tem, outra, de serviços customizados e de menor valor.
No meio dessa sociedade, surgiu a novidade do “bolo na hora”. Segundo Renata, a novidade é uma evolução das práticas até agora adotadas, com a introdução do bolo rápido, preparado na frente do consumidor, sob um vidro transparente. “É uma estratégia que temos para atender a demanda de pessoas que querem um bolo personalizado, diferentemente dos decorativos, que necessitam uma antecipação de encomenda”, explica.
Para a sócia Simone, a necessidade de investimento e gestão foi o motivo de união do grupo, “por ser uma empresa orgânica, de cunho familiar, que necessitava de comunicação e ampliação do público”. Ela observa que a sua formação em marketing e na área comercial contribui para a gestão e a de Antônio, com origem no mercado financeiro, auxilia na parte administrativo-financeira. “O trabalho desenvolvido pela Sucre até agora é reconhecido pela alta qualidade, mas o que queremos, agora, é dar escala aos nossos produtos, atingir mais pessoas”, destaca.