Presidente pede a Israel que reconsidere declaração de Guterres persona non grata

Presidente da República diz que “seria muito sensato que as autoridades israelitas reconsiderassem” esta atitude para com o secretário-geral das Nações Unidas.

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Israel declarou António Guterres como persona non grata. Marcelo Rebelo de Sousa sublinha que esta é "uma situação praticamente sem precedente em relação a um secretário-geral das Nações Unidas" Mike Segar / REUTERS
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu nesta quarta-feira a Israel que reconsidere a decisão de declarar o secretário-geral das Nações Unidas persona non grata, acompanhando a posição tomada pelo Governo português.

"Penso que seria muito sensato que as autoridades israelitas reconsiderassem aquela atitude, por ser desproporcionada. Onde o secretário-geral falou em lamentar, eles teriam preferido condenar, que o lamento era insuficiente", referiu.

Marcelo Recebo de Sousa falava à entrada para a Escola Alves Martins, em Viseu, a que atribuiu o título de membro honorário da Ordem de Instrução Pública.

"É uma situação praticamente sem precedente em relação a um secretário-geral das Nações Unidas ou altas figuras internacionais. Mesmo com países que normalmente se vetam reciprocamente no Conselho de Segurança e, como sabem, estão a paralisar o Conselho de Segurança", indicou.

O chefe de Estado, que disse ter falado na quarta-feira ao telefone com António Guterres, acompanha também a posição da União Europeia, que pretende que se continuem a manter esforços para "ultrapassar aquilo que está a ser verdadeiramente, de dia para dia, um agravamento da situação".

"Nas relações entre Estados e instituições internacionais, se a ideia é construir a paz, a prazo mais ou menos curto, o reconsiderar estas decisões é uma questão de bom senso", concluiu.

O Governo português instou na quarta-feira Israel a "reconsiderar a decisão" de declarar o secretário-geral das Nações Unidas persona non grata, que lamentou "profundamente", defendendo a "missão indispensável" de António Guterres para garantir o diálogo e a paz.

O secretário-geral das Nações Unidas reagiu às críticas de Israel, afirmando ter condenado implicitamente o regime iraniano numa declaração divulgada na noite de terça-feira.

"Tal como fiz em relação ao ataque iraniano de Abril, e como deveria ter sido óbvio que fiz ontem [terça-feira] no contexto da condenação que expressei, condeno veementemente o ataque maciço com mísseis do Irão contra Israel", sublinhou Guterres durante uma reunião do Conselho de Segurança hoje realizada na ONU.

O Governo do Irão lançou, na noite de terça-feira, cerca de 200 mísseis contra Israel, em retaliação pelo assassínio do líder do movimento islamista palestiniano Hamas, Ismail Haniyeh, do chefe do grupo xiita libanês pró-iraniano Hezbollah, Hasan Nasrallah, e de um general iraniano.

As Forças de Defesa de Israel disseram que a maioria dos mísseis foi interceptada com o apoio dos Estados Unidos e Washington garantiu que vai colaborar com Telavive na resposta a Teerão.

O bombardeamento iraniano foi o segundo feito por este país directamente contra Israel, após um outro realizado em Abril em resposta a um ataque aéreo mortal ao consulado iraniano em Damasco, que Teerão atribuiu a Israel.

Na sequência do ataque iraniano, Israel pediu na terça-feira à noite uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, algo que o Irão também tinha solicitado no sábado, após uma vaga de ataques israelitas contra o Sul do Líbano.