Keir Starmer viajou para Bruxelas “determinado” em construir uma relação “positiva” com a UE

O primeiro-ministro britânico reuniu-se com os líderes das instituições comunitárias, para discutir questões práticas mas, sobretudo, para enterrar a acrimónia das negociações do “Brexit”.

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O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, reuniu-se com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta quarta-feira, em Bruxelas OLIVIER HOSLET / EPA
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Quatro anos e cinco primeiros-ministros depois da assinatura do tratado de saída do Reino Unido da União Europeia, o actual ocupante de Downing Street, Keir Starmer, viajou até Bruxelas, nesta quarta-feira, “determinado” em deixar para trás os anos conturbados das negociações do “Brexit”, e em construir uma relação bilateral “positiva” e “estável” entre o seu país e os parceiros europeus.

“Acredito firmemente que a população britânica deseja voltar a ter um relacionamento pragmático e sensato com os seus vizinhos mais próximos, para que o ‘Brexit’ possa servir os seus interesses, estimular o nosso crescimento económico, fortalecer a nossa segurança e enfrentar os nossos desafios comuns, como a imigração irregular e as alterações climáticas”, afirmou o primeiro-ministro britânico, antes de uma reunião de trabalho com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

“Temos muito para discutir”, concordou a líder do executivo comunitário, confirmando que existe margem para que o “conjunto de acordos sólidos” negociados entre o Reino Unido e a UE seja melhorado. “Devemos explorar a hipótese de uma maior cooperação, ao mesmo tempo que nos focamos na implementação total e fiel dos tratados assinados”, afirmou.

A reunião de trabalho em Bruxelas decorreu uma semana depois de uma conversa informal à margem da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, e as primeiras palavras de Starmer e Von der Leyen, nesta quarta-feira, foram para reagir aos últimos desenvolvimentos no Médio Oriente, com uma firme condenação do ataque lançado pelo Irão contra Israel e renovados apelos ao cessar-fogo nas fronteiras do Líbano e de Gaza, bem como à libertação imediata e incondicional de todos os reféns.

“Em Nova Iorque discutimos os múltiplos desafios que hoje enfrentamos, particularmente um cenário geopolítico que está a mudar rapidamente, como vimos nos últimos dias no Médio Oriente”, enquadrou Ursula von der Leyen, que deu conta da sua preocupação com a “espiral de violência que está a ameaçar a vida de civis inocentes” e a possibilidade da generalização regional do conflito. “Isso tem de ser evitado a todo o custo”, vincou.

Em sintonia, Keir Starmer defendeu que a diplomacia internacional tem de ser capaz de “encontrar uma maneira de afastar as partes da beira do precipício, e promover a desescalada através de soluções políticas para as muitas frentes de crise no Médio Oriente”.

Os dois referiram-se ainda ao acerto de posições relativamente à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, materializada nas decisões do G7 de apoio a Kiev e censura de Moscovo, bem como ao alinhamento nas questões que têm que ver com o combate às alterações climáticas, ou os esforços para descarbonizar a economia e proteger a natureza. “O nosso alinhamento nas questões internacionais é uma boa base para as nossas relações bilaterais”, considerou Ursula von der Leyen.

Apesar de a agenda de trabalho não ter sido tornado pública, Londres e Bruxelas não escondem quais são as áreas em gostariam de “rever” os termos do seu relacionamento. Algumas, como, por exemplo, a defesa ou a energia, são comuns. De resto, para o Reino Unido, a prioridade vai para a simplificação do regime de controlos alimentares e fitossanitários que dificultam as trocas comerciais. Do lado da UE, há interesse na assinatura de um novo pacto de mobilidade para os jovens.

Num comunicado conjunto distribuído após o encontro, a presidente da Comissão Europeia e o primeiro-ministro do Reino Unido informam que tencionam “fazer avançar a agenda de cooperação reforçada a um ritmo acelerado nos próximos meses”, tendo já agendado uma nova reunião antes do final do ano, e ainda a realização de uma cimeira UE-Reino Unido no início de 2025.

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