Um País em Bicos de Pés dá Prémio Jacinto do Prado Coelho a Diogo Ramada Curto

O júri destacou “a apreciável qualidade da investigação e da reflexão ensaística de Diogo Ramada Curto ao longo dos anos, ao convocar vários saberes, de forma fecunda e interdisciplinar”.

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Diogo Ramada Curto é o actual director da Biblioteca Nacional de Portugal Nuno Ferreira Santos
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O livro Um País em Bicos de Pés: Escritores, artistas e movimentos culturais, de Diogo Ramada Curto, editado no ano passado, venceu por unanimidade o Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho, anunciou esta quarta-feira a Associação Portuguesa dos Críticos Literários (APCL).

O júri que atribuiu o prémio, com o valor pecuniário de 4 mil euros, foi constituído pelos professores universitários Ana Maria Martinho, Cândido Oliveira Martins e Dora Gago.

Citado no comunicado da APCL, o júri destacou "a apreciável qualidade da investigação e da reflexão ensaística de Diogo Ramada Curto ao longo dos anos, ao convocar vários saberes, de forma fecunda e interdisciplinar, desde a História às Ciências Sociais, da Ideologia à Cultura, da Política à Cultura, das Artes à Literatura".

"Com essa perspectiva teórico-crítica", prossegue a decisão do júri, "o ensaísmo do autor proporciona um enquadramento reflexivo plural sobre a dinâmica dos movimentos histórico-sociais, culturais e das mentalidades em Portugal, potenciando novas conexões e outros olhares interpretativos, discutindo ideias feitas, conclusões apressadas e consensos forçados".

Diogo Ramada Curto, actual director da Biblioteca Nacional de Portugal, ainda segundo o júri, defende nesta obra que se "impõe sobretudo indagar o lugar e a função dos intelectuais portugueses, enquanto elite potencialmente transformadora, abarcando uma grande multiplicidade de escritores, artistas e pensadores".

Deste modo - prossegue o júri sobre a obra distinguida -, Ramada Curto propõe-se questionar algumas linhas de inquérito, analisando o papel dessa elite e a sua "intervenção na evolução da designada mediocridade cultural e intelectual portuguesa, sobretudo desde a segunda metade de Oitocentos até à contemporaneidade".

"Indagando sobre a acção dos intelectuais e das suas relações com ideologias dominantes e o próprio Estado", conclui o júri, "o ensaísta interroga-se sobre possibilidades (frustradas) de pensar e superar sintomas de decadência e de mediocridade, de atrasos e bloqueios do campo cultural e literário".

Diogo Ramada Curto, 65 anos, é professor catedrático e investigador na Universidade Nova de Lisboa, e publicou, entre outros ensaios, O Colonialismo Português em África: de Livingstone a Luandino (2020), História, Arte e Literatura (2019), Estudos sobre a Globalização (2016) e História Política da Cultura Escrita (2015).

Os vencedores ex-aequo, no ano passado, do Prémio Jacinto Prado Coelho foram António Vieira, com Elogio da Descrença, e Fernando J.B. Martinho, com Aspectos do Legado Pessoano.