Carros chineses ainda vendem pouco mas são os que mais aceleram

Stellantis arrancou produção em série de carros eléctricos em Portugal, na fábrica de Mangualde. Só há uma marca asiática no top 10 nacional e é do Japão.

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As vendas da BYD em solo português aumentaram mais de 1150% desde Janeiro, face ao ano anterior LEONHARD SIMON
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O mercado nacional de automóveis ligeiros cresceu 4,6% em termos homólogos nos primeiros nove meses do ano, de acordo com os números divulgados nesta terça-feira pela ACAP – Associação Automóvel de Portugal.

No dia em que o grupo Stellantis anunciou o início da produção em série de veículos eléctricos na sua fábrica em Portugal, localizada em Mangualde, distrito de Viseu, uma das suas 14 marcas, a Peugeot, vê confirmada a sua liderança no mercado português, apesar de ser a única pertencente ao top 5 a apresentar uma variação homóloga negativa ao fim de três trimestres.

No universo das marcas, o destaque em sentido contrário vai para a chinesa BYD, cujas vendas desde Janeiro até ao fim de Setembro, apresentam um crescimento de mais de 1150% face ao resultado homólogo de 2023, ainda que, em termos nominais, o volume de vendas seja tão pequeno que não chega para melhor do que um 21.º lugar do ranking.

Com os dados de Setembro completa-se o terceiro trimestre de 2024, concluindo-se pelos valores acumulados desde Janeiro que, no mercado de ligeiros (responsável por 97% das novas matrículas deste ano), há dois comportamentos bem distintos.

Nos ligeiros de passageiros, o crescimento nestes três primeiros trimestres do ano é de 2,9%, bastante abaixo do registado nos ligeiros de mercadorias, que teve uma subida de 17%.

O que não muda é o progressivo abandono dos motores a gasóleo nos veículos ligeiros matriculados pela primeira vez em 2024.

Outrora rei e senhor do mercado português, este motor vale 8,7% das novas aquisições feitas este ano. Muito abaixo das vendas de carros ligeiros com motor a gasolina, que tinham uma quota de mercado de 36% no final de Setembro, e ainda mais distante dos carros movidos a energias alternativas aos combustíveis fósseis, que nesta altura representam 55,2% das novas matrículas.

Dentro deste último universo, os veículos eléctricos contribuem com 18,4% das vendas e os híbridos convencionais (sem possibilidade de carregamento via tomada eléctrica) surgem no segundo posto, representando 16,5%.

Por marcas, a Peugeot é líder no mercado de ligeiros (passageiros e mercadorias), seguida de Renault, Mercedes, Dacia e Toyota. A marca nipónica fecha o top 5, sendo a única de origem asiática com presença no top 10, que inclui a Tesla no nono lugar.

Presentes na Europa com cada vez mais marcas e modelos, os produtores chineses já são objecto de análises próprias, na tentativa de perceber como está a ser a aceitação das novas marcas de carros eléctricos vindas da China.

Globalmente, as vendas destas marcas ainda são residuais e têm uma fatia muito pequena do mercado. Mas quando se compara o volume de vendas actual com os números do ano passado, vê-se que são nitidamente as que crescem mais rapidamente.

Um cenário que pode vir a ser alterado com um eventual agravamento dos preços, por via da aplicação de taxas aduaneiras adicionais sobre os carros eléctricos chineses, quando entrar em vigor a decisão proposta pela Comissão Europeia, que conduziu uma investigação aprofundada ao cumprimento das regras da concorrência entre marcas presentes no mercado único europeu, tendo concluído que os emblemas chineses conseguem competir com preços mais baixos por estarem a beneficiar de ajudas de Estado no país de origem.

Concluindo com os números essenciais da ACAP, “em Setembro de 2024 foram matriculados em Portugal 18.054 veículos automóveis, ou seja, mais 6,1% que no mesmo mês de 2023”.

Inverte-se assim a tendência de queda no volume de vendas que marcou os três meses do Verão.

Já de Janeiro a Setembro de 2024, “foram colocados em circulação 186.996 novos veículos, o que representou um aumento de 4,6% relativamente ao mesmo período do ano anterior”.

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