Próximo primeiro-ministro do Japão vai antecipar eleições para Outubro

Na véspera de ser confirmado chefe do Governo japonês, o novo líder do LDP, Shigeru Ishiba, diz que “é importante que a nova Administração seja avaliada o mais rápido possível” pelos eleitores.

Foto
Parlamento japonês vai confirmar nomeação de Ishiba para primeiro-ministro do Japão na terça-feira KIM KYUNG-HOON / POOL / EPA
Ouça este artigo
00:00
03:04

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Um dia antes de ser formalmente conduzido ao cargo de primeiro-ministro do Japão pelas duas câmaras do Parlamento, o novo líder do Partido Liberal Democrático (LDP), Shigeru Ishiba, anunciou que vai marcar eleições antecipadas para 27 de Outubro. As próximas legislativas só estavam previstas para o final de 2025.

Numa conferência de imprensa realizada nesta segunda-feira na sede do partido conservador, em Tóquio, Ishiba defendeu que “é importante que a nova Administração seja avaliada o mais rápido possível pela população” japonesa e que o LDP se una depois de um processo eleitoral interno polarizador.

O antigo ministro da Defesa venceu a eleição para a liderança do LDP na sexta-feira da semana passada, depois de derrotar, na ronda decisiva, a nacionalista de linha dura do partido Sane Takaichi. A votação interna foi convocada na sequência da demissão do ainda primeiro-ministro, Fumio Kishida, que liderou um Governo agastado por escândalos e pelo aumento do custo de vida no país asiático.

Protagonista do chamado “milagre económico japonês”, o LDP domina a política nacional desde o final da Segunda Guerra Mundial e, desde 1955, só não governou o Japão entre 1993 e 1996 e entre 2009 e 2012. Esta realidade, somada à ausência de uma oposição forte – o Partido Democrático Constitucional (CDP), de centro-esquerda, não tem sido capaz de beliscar o estatuto do LDP –, torna muitíssimo provável mais uma vitória dos conservadores nas eleições de Outubro.

A antecipação das eleições tem sido uma táctica recente do LDP para cimentar a posição e a legitimidade dos seus novos líderes. No dia em que foi nomeado primeiro-ministro do Japão, no início de Outubro de 2021, depois de substituir Yoshihide Suga na liderança do partido, o próprio Kishida marcou eleições para o final desse mês.

Ainda que tenha perdido alguns lugares na Câmara dos Representantes do Diet (Parlamento), a coligação chefiada pelo LDP venceu as legislativas de 2021 e alcançou a maioria dos 465 deputados da câmara baixa.

Para além da promessa de agendamento de eleições para o dia 27 de Outubro, Shigeru Ishiba começou a escolher nesta segunda-feira os membros do seu governo e distribuiu os cargos de topo do LDP por aliados e adversários. O antigo primeiro-ministro Suga, por exemplo, foi nomeado vice-presidente dos conservadores.

Segundo a agência Kyodo, a missão de Ishiba para tentar unir o partido incluiu um convite a Takaichi, que foi recusado, para o importante posto de conselheira-geral-chefe do LDP. Citado pela Reuters, Hiroshi Shiratori, professor de Ciência Política da Universidade Hosei (Tóquio), diz que a recusa de Takaichi “pode ser uma fraqueza na base de apoio de Ishiba que lhe pode vir a causar problemas no futuro”.

No que toca às escolhas do próximo primeiro-ministro para o Governo, a Kyodo e a Reuters citam fontes familiarizadas com o assunto que apontam Katsunobu Kato (próximo do influente e poderoso antigo primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado em 2022) para ministro das Finanças; Yoshimasa Hayashi para chefe de gabinete; Takeshi Iwaya para ministro dos Negócios Estrangeiros; Gen Nakatani para ministro da Defesa; e Yoji Muto para ministro da Economia.

Sugerir correcção
Comentar