Quinta da Côrte aposta no turismo de brasileiros, com hotel e serviços diferenciados

Vinícola da região do Vale do Douro investe no enoturismo para atrair visitantes e reforçar as receitas. Ano foi difícil para todos produtores de vinhos de Portugal.

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Vista geral da Quinta da Côrte, no Vale do Douro: 10% da produção anual de vinhos seguem para o Brasil Carlos Vasconcelos
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O francês Philippe Austry não esqueceu suas origens quando, em 2013, adquiriu a vinícola Quinta da Côrte, em Valença do Douro, Norte de Portugal, para construir uma renomada casa de vinho português. São 25 hectares de vinha distribuídos em aluviões de um terroir exclusivo, que podem ser percorridos por hóspedes e grupos de visitantes de até quatro pessoas cada.

O viticultor esmerou-se em dar continuidade a uma das mais antigas propriedades da região, construída em 1800, com suas castas centenárias de uvas. Das 48 mil garrafas de vinhos ali produzidos anualmente, com classificação DOC (Denominação de Origem Controlada), cerca de 10% são exportadas para o Brasil, segundo a diretora de Marketing e Enoturismo, Cátia Moura.

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As castas de uvas da Quinta da Côrte são centenárias Carlos Vasconcelos

Ela faz um chamado: “Queremos que os brasileiros conheçam a Quinta da Côrte, os nossos produtos e se deliciem com a nossa cozinha, além de usufruírem dos oito exclusivos apartamentos que disponibilizamos aos visitantes”. Os produtores de vinhos do Vale do Douro têm recorrido ao enoturismo para compensar as perdas decorrentes da queda das vendas da bebida.

Fundador de outras duas empresas do setor na França — a Commanderie de Peyrassol, na Provence, e o Château Malescasse, no Haut-Médoc, em Bordeaux —, Austry implantou um hotel rural em frente às suas plantações, que podem ser percorridas ao longo de quatro horas e, dependendo na época, como em setembro e outubro, os hóspedes podem participar de vindimas e pisar nos lagares (recipientes para esmagar) de granito.

A forte influência francesa nos vinhos e nos pratos servidos na Quinta da Côrte atrai turistas quase o ano inteiro, parte deles, brasileiros, que estão chegando aos poucos, conforme Cátia. Os vinhos Princesa (tinto), Côrte (branco) e fortificados Porto LBV (Late Bottle Vintage), 10 anos, e Rubi, 4 a 6 anos, são os mais comercializados. A enóloga portuguesa Alexandra Guedes faz a gestão na produção dos vinhos, com a consultoria da francesa Stephany Derenoncourt.

A Quinta da Côrte está inserida em uma região considerada Patrimônio Mundial pela Unesco — o Vale do Douro é a mais antiga região vinícola demarcada no mundo (1756) —, cujo cultivo é rigorosamente controlado por órgãos oficiais, de forma a não descaracterizar o plano original. Essas características fazem com que os turistas paguem 240 euros (R$ 1,4 mil) por dia (duas pessoas) em um dos oito quartos da propriedade. No caso das visitas de grupos, o passeio custa 160 euros (R$ 960) por pessoa.

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Cátia Moura, diretora de Marketing e Enoturismo, faz chamado aos turistas brasileiros Carlos Vasconcelos

Segundo a Quinta da Côrte, algumas das áreas de plantio não são adequadas à mecanização, tudo é realizado nos moldes antigos, isto é, o trabalho é feito com picaretas, com homens e mulas transportando as uvas colhidas. A propriedade, porém, recebeu um substancial programa de investimento para sua revitalização, de forma a receber visitantes. “Que os brasileiros venham mais”, afirma a diretora da propriedade.

Os produtores de vinhos de Portugal se reinventam para se equilibrarem em um ano de prejuízos. Apenas a região do Douro deixará de produzir 14 mil pipas com cerca de 550 litros de vinho cada. Não por acaso, o Governo criou uma linha de crédito avaliada em 100 milhões de euros (R$ 600 milhões) para apoiar os produtores. Muitos sofreram mais recentemente com os incêndios, como foi o caso do viticultor João Tavares Pina, que teve 85% do plantio consumidos pelas chamas, resultando em perdas de 1 milhão de euros (R$ 6 milhões).

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