Empresa traz para Portugal banco de dados com 50 mil profissionais de tecnologia

A empresa brasileira UltraCon, que abriu uma filial em Oeiras, fornece profissionais de Tecnologia da Informação para os mais diversos segmentos de mercado.

Foto
"O consultor não é um fornecedor de tecnologia. É um ser humano que está entregando tecnologia", afirma Antônio Morales Arquivo Pessoal
Ouça este artigo
00:00
05:53

Os artigos da equipa do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa usada no Brasil.

Acesso gratuito: descarregue a aplicação PÚBLICO Brasil em Android ou iOS.

Num mundo cada vez mais voltado para a tecnologia, a demanda por profissionais qualificados não para de crescer. Foi apostando nesse mercado que a UltraCon Consultoria montou um banco com currículos de mais de 50 mil especialistas, que são acionados para entregar soluções a empresas que buscam inovação. Eles são contratados como prestadores de serviço.

Depois de 25 anos de atuação no Brasil, o proprietário da UltraCon, Antônio Morales, decidiu expandir seu negócio para a Europa e escolheu Portugal como base. Instalada em Oeiras desde abril deste ano, a empresa, que dispõe de recursos técnicos e de conhecimentos na área de tecnologia da informação, vem alocando profissionais de acordo com as necessidades dos clientes.

"Nós crescemos muito no Brasil, e sempre olhei para Portugal com muita simpatia. Por isso, decidi colocar os pés na Europa a partir do país. Percebi que havia uma receptividade para novos serviços e produtos. Iniciei uma pesquisa e contratei um projeto na Atlantic Hub para estudar o mercado e a cultura locais. Me encantei com o resultado”, diz.

A Atlantic Hub é uma empresa especializada em fomentar negócios e parcerias luso-brasileiros, elaborando projetos e buscando clientes para novos empreendimentos brasileiros em Portugal. “Eles trabalham com a internacionalização de empresas. No Brasil, a UltraCon é bastante conhecida e chegou o momento de expandir. Foi feito um plano de atuação, que temos seguido à risca, e tem dado certo", comenta o empresário. Que acrescenta: "Me orientaram de várias formas, pois estamos diante de outra cultura. Nenhum país é igual ao outro. Por mais que Portugal seja parecido com o Brasil, e vice-versa, temos hábitos e vocabulário diferentes. Para pisar em um país que não conhecemos, temos de seguir o modelo da casa, no caso, Portugal.”

Foto
Segundo Rafael Carvalhinho, a empresa já está de olho na expansão pela Europa Arquivo pessoal

A partir do plano de negócios, constituiu-se legalmente a filial em Portugal. Morales contratou um escritório de advocacia com presença no Brasil e em Portugal. "Os advogados nos ajudaram a fazer um contrato social, obtivemos o NIF (Número de Identificação Fiscal) e abrimos conta em um banco. Contratamos também um contabilista sob indicação. Todos nos atendem sob demanda. Com isso, abrir a empresa em Portugal foi tão simples quanto no Brasil”, afirma.

Confiança e parceria

Uma das orientações recebida por Morales na hora de se estabelecer em Portugal foi a de que seria importante que a parte comercial ficasse a cargo de um português. “Segui a orientação e contratei um profissional experiente no mercado, Rafael Carvalhinho. E tem dado um ótimo resultado”, salienta. O executivo português explica como se deu a sinergia entre ambos nesse trabalho. “Quando se têm alguém nativo, da terra, se aumenta a credibilidade no processo. É uma questão de confiança", frisa.

Carvalhinho ressalta ter experiência no mercado europeu e aprendido com algumas dificuldades nos Países Baixos, na Suíça e Dinamarca. "É preciso conhecer a metacultura, os hábitos e as maneiras de estar em uma reunião. Hoje, consigo ajudar as pessoas a ter essa preparação. Já estamos olhando para toda a Europa, e estou responsável pelo projeto de expansão da UltraCon”, assinala.

Foto
Para André Fischer, a área de tecnologia permite valorizar os cabelos brancos. "Enquanto você é útil, você é necessário", diz Arquivo pessoal

Morales explica que a UltraCon busca na sua base de currículos o perfil de consultor ideal para cada empresa cliente. Algumas demandas são por profissionais mais difíceis de encontrar no mercado da Tecnologia da Informação. “Há clientes com negócios muito específicos, como, por exemplo, implantar um sistema alemão, que é o que mais trabalhamos, o SAP, um software de planejamento de recursos empresariais que atende a qualquer tipo de negócio", detalha.

Segundo o empresário, encontrar um profissional de SAP na área de seguros é muito difícil, por isso, são muito bem remunerados. "Agora, estamos entrando em inteligência artificial, e aqueles que fazem projetos na área também terão seu valor reconhecido, principalmente nesse primeiro momento, que menos gente conhece essa tecnologia, aplicada a qualquer tipo de cliente, seja de seguro, seja de área de saúde,” afirma.

A meta da UltraCon é seguir acompanhando a inovação tecnológica e o dia a dia de quem trabalha com a empresa — todos os profissionais são autônomos, contratados sob demanda. “Temos um modelo na nossa empresa que difere dos nossos concorrentes no Brasil. Cuidamos desse contingente de consultores. Visitamos os projetos, perguntamos como eles estão, se a família está bem, se têm algum problema que podemos ajudar. Isso é um diferencial, porque, no fundo, todos somos seres humanos. Tratamos os consultores não como fornecedores de tecnologia, mas, sim, como seres humanos que estão entregando uma tecnologia. Isso faz uma diferença muito grande”, acrescenta o empresário.

Trabalho remoto

André Luiz Fischer, consultor brasileiro da UltraCon desde 2020, especializado em logística, reside em Portugal há três anos e o seu desejo é continuar no país. “Eu já era consultor quando fui convidado para fazer um mestrado em Portugal. Desde então, trabalho remotamente para clientes do Brasil. Nesse meio tempo, eu e minha esposa entendemos que a perspectiva é de ficar por um longo prazo no país. Agora, com a UltraCon em Portugal espero que essa parceria continue a gerar frutos”, comenta.

O trabalho em Tecnologia da Informação, principalmente após a pandemia de covid-19, permite que o profissional esteja em um país diferente da empresa para a qual presta serviço. E o conhecimento adquirido ao longo dos anos é muito valorizado. “A área de tecnologia permite valorizar os cabelos brancos. Estou com 56 anos e gosto de poder ser útil. Enquanto você é útil, você é necessário”, afirma Fischer.

Segundo ele, a criatividade do brasileiro na área de TI também é muito apreciada em Portugal, e é nisso que a UltraCon está apostando. "Na nossa área de atuação, podemos atender empresas não só no Brasil, mas de toda a Europa”, finaliza.

Sugerir correcção
Comentar