Será a Aliança Global para a Concretização da Solução dos Dois Estados uma saída para o conflito israelo-palestiniano?

A iniciativa da Árabia Saudita foi lançada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros em Nova Iorque. Pretende resolver o conflito israelo-palestiniano criando um Estado da Palestina.

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Príncipe Faisal, ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita, na ONU Caitlin Ochs / REUTERS
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A Aliança Global para a Implementação da Solução dos Dois Estados foi anunciada pela primeira vez na quinta-feira, em Nova Iorque, numa reunião ministerial sobre a questão palestiniana, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros saudita, Faisal bin Farhan Al-Saud bin Abdullah.

“Hoje, em nome das nações árabes e islâmicas, juntamente com os nossos parceiros da UE, anunciamos o lançamento da Aliança Internacional para a Implementação da Solução de Dois Estados,” disse o chefe da diplomacia saudita.

No seu discurso, o príncipe Faisal sublinhou que a guerra em Gaza desencadeou uma catástrofe humanitária, além de graves violações cometidas pelas forças israelitas na Cisjordânia e da ameaça à mesquita de Al-Aqsa e aos santuários religiosos, o que só veio reforçar a ocupação e o extremismo violento.

“A legítima defesa não pode nunca justificar a morte de dezenas de milhares de civis, a destruição sistemática, a deslocação forçada e a utilização da fome como instrumento de guerra, o incitamento, a desumanização e a tortura sistemática nas suas formas mais horríveis, incluindo a violência sexual e outros crimes documentados de acordo com os relatórios da ONU”, afirmou o ministro saudita.

Para Riade, recuperar a solução dos dois Estados seria, então, a única forma de sair deste conflito violento e amargo com alguma pacificação na região: “A concretização da solução dos dois Estados é a melhor solução para quebrar o ciclo de conflito e sofrimento, e impor uma nova realidade em que toda a região, incluindo Israel, gozará de segurança e coexistência”, acrescentou.

A aliança inclui uma série de países árabes e muçulmanos e parceiros europeus, informou a agência noticiosa estatal saudita, sem especificar quais os países que se comprometeram a aderir. Na rede social X, Josep Borrell, o ainda alto responsável da política externa da União Europeia, referiu que as primeiras reuniões da aliança se realizam na capital saudita e em Bruxelas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, foi um dos mais activos durante esta semana em Nova Iorque, nas Nações Unidas, na busca de promover a solução dos dois Estados como forma de conseguir a paz no Médio Oriente, agora que o conflito se estendeu ao Líbano, diz o Governo espanhol no seu site.

Albares discursou na reunião de alto nível sobre a Palestina na ONU, onde o príncipe Faisal apresentou a proposta, numa continuação do encontro de 13 de Setembro em Madrid do Grupo de Contacto Euro-Árabe/Islâmico. Um encontro em que a União Europeia, a Liga Árabe e a Organização da Cooperação Islâmica estiveram representantes ao mais alto nível. Os ministros dos Negócios Estrangeiros de Espanha, Noruega e Eslovénia participaram, junto com um representante da Irlanda. Do lado do Grupo de Contacto Euro-Árabe/Islâmico estiveram presentes o primeiro-ministro palestiniano, os ministros de Negócios estrangeiros da Arábia Saudita, Jordânia, Turquia e Egipto e pelos vice-chefes da diplomacia de Qatar e Bahrein.

O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, garantiu na semana passada que o seu país não reconhecerá Israel sem a criação de um Estado palestiniano e condenou veementemente os “crimes da ocupação israelita” contra o povo palestiniano.

A Liga Mundial Muçulmana, através do seu secretário-geral e presidente da Organização dos Académicos Muçulmanos, elogiou a iniciativa histórica numa declaração publicada pela agência de notícias saudita. O xeque Mohammed Al-Issa incentivou todos os países a aderirem à aliança que poderá contribuir para alcançar uma paz justa e abrangente na região.

O primeiro-ministro israelita garantiu várias vezes que o seu Governo não aceita a solução dos dois Estados e apenas está disposto a admitir um futuro pós-conflito com uma administração civil palestiniana em Gaza com controlo militar israelita. Em Maio, numa entrevista ao canal norte-americano CNBC, Benjamin Netanyahu afirmou que “a solução dos dois Estados seria uma recompensa para o terrorismo”.

A criação de um Estado palestiniano seria não só “uma recompensa para aqueles que cometeram, num dia, o maior massacre contra o povo judeu desde o Holocausto”, disse Netanyahu, como não serviria “o propósito da paz” porque “seria um Estado rapidamente controlado pelo Hamas e pelo Irão”, que o aproveitariam para “campo de lançamento para uma futura guerra contra Israel”.

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