Guerra de exercícios militares no mar do Sul da China

Filipinas, EUA, Austrália, Japão e Nova Zelândia conduziram exercícios marítimos na zona económica exclusiva filipina, enquanto a China levou a cabo manobras no estreito de Taiwan.

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O navio auxiliar neo-zelandês HMNZS Aotearoa: a Nova Zelândia participou pela primeira vez nestes exercícios marítimos militares DR
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As forças armadas de cinco países realizaram exercícios marítimos conjuntos numa parte do mar do Sul da China no sábado, enquanto a China efectuava os seus próprios exercícios militares no estreito de Taiwan, uma via de navegação internacional que Pequim reclama como sendo de sua única soberania e jurisdição.

Os exercícios que envolveram Filipinas, Estados Unidos, Austrália, Japão e, pela primeira vez, a Nova Zelândia tiveram lugar na zona económica exclusiva de Manila e procuraram melhorar a interoperabilidade das forças armadas dos cinco países, afirmaram as autoridades militares filipinas em comunicado.

Estes exercícios incluíram um navio de guerra filipino, o contratorpedeiro USS Howard norte-americano, o contratorpedeiro japonês JS Sazanami e o navio auxiliar neo-zelandês HMNZS Aotearoa, acrescenta o comunicado.

Os exercícios demonstram “o nosso compromisso colectivo para reforçar a cooperação regional e internacional com vista a um Indo-Pacífico pacífico, estável e próspero”, afirmou o Departamento de Defesa australiano.

Os exercícios seguem-se a uma série de escaramuças aéreas e marítimas entre as Filipinas e a China, que disputam áreas do mar do Sul da China, incluindo o atol de Scarborough, uma das zonas mais contestadas da Ásia. O banco de areia é ocupado pela guarda costeira da China há mais de uma década.

Na quarta-feira, navios da Nova Zelândia e da Austrália atravessaram o estreito de Taiwan, uma importante rota comercial através da qual passa cerca de metade dos navios porta-contentores do mundo, mas que Pequim continua a defender que tem soberania e jurisdição sobre o estreito e ainda sobre Taiwan, que considera parte integrante da China.

Em 2016, o Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia decidiu que as reivindicações da China não estavam sustentadas pelo direito internacional, uma decisão que Pequim se recusa a reconhecer. De qualquer maneira, o tribunal não determinou a soberania do atol de Scarborough, por considerar que se trata de uma zona tradicional de pesca para vários países.

No sábado, nas Nações Unidas, a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Penny Wong, referiu que o seu país tem “constantemente pressionado a China em relação à paz e estabilidade no mar do Sul da China e no estreito de Taiwan”. E saudava “o reinício do diálogo a nível de dirigentes e de militares entre os EUA e a China”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, e o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, encontraram-se em Nova Iorque, à margem da Assembleia Geral da ONU, para conversar sobre formas de evitar os conflitos no mar do Sul da China.

A China reclama a soberania em quase todo o mar do Sul da China, apesar de essa soberania marítima pertencer em parte a outros países, como o Brunei, as Filipinas, a Malásia e o Vietname. Quase todos eles têm episódios de tensão com a marinha chinesa nas águas das suas zonas económicas exclusivas.

Em Março, Blinken assegurou às Filipinas que a parceria entre os dois países em matéria de defesa era “férrea”, depois de Manila ter acusado Pequim de destacar para o mar do Sul da China de forma agressiva a sua guarda costeira e navios de pesca suspeitos de serem uma milícia marítima.

Horas depois do encontro entre Blinken e Wang, a China realizava exercícios militares no estreito de Taiwan, apesar de o chefe da diplomacia ter “enfatizado” na sexta-feira que Pequim “insiste em resolver os diferendos com outros países directamente através do diálogo e da consulta”, disse o ministério chinês em comunicado.