Um terroir visto de cima: À mesa com a enóloga Mafalda Bahia Machado

A enóloga quis que víssemos de cima o terroir onde nascem os vinhos do Paço de Teixeiró. Na Tasca do Valado, a excelência das carnes une-se à dos vinhos, num balcão privilegiado sobre um vale selvagem

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A enóloga Mafalda Bahia Machado dá a conhecer, visto de cima, o terroir único em que são criados os vinhos do Paço de Teixeiró, à mesa da Tasca do Valado. Rui Oliveira
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Nem só pelo restaurante, que adora, mas a enóloga quis também subir a montanha até à aldeia de Mafómedes para daí nos dar a perceber o quanto é especial a localização de Teixeiró e sublinhar as características diferenciadoras que transmite aos vinhos. Há longo tempo que Mafalda Bahia Machado cuida das vinhas e da enologia do Paço de Teixeiró, o primeiro contacto leva já década e meia, pelo que até pelas sombras e o vento já lhe desvenda os segredos.

“Teixeiró é um lugar único. Um vale ventoso por influência da serra, as noites são muito frias, os dias quentes e a vinha fica já lá em baixo, apenas a uns cinco quilómetros do rio Douro. No Inverno estamos completamente enquadrados pela neve, temos a frescura da serra que é a marca dos Vinhos Verdes, mas em solos de xisto que dão garra e concentração aos vinhos”, explica a enóloga enquanto alonga o olhar pelo vale profundo para indicar a localização da propriedade.

O sol espelha o brilho xistoso e os fios de água que aqui e ali escorrem ainda em pleno Verão pela parede abrupta e imponente da montanha. Estamos nas fraldas do Marão, na encosta poente, que delimita as duas regiões vitivinícolas, do lado de cá Vinhos Verdes, do outro, o Douro.

O vale é impressionante, quase um canhão vertical apontado ao Douro, que na sua base vai desvendando patamares verdejantes encavalitados nas rochas e cada vez maiores à medida que se vão chegando ao rio. Um cenário arrebatador de que se desfruta em pleno do terraço da Tasca do Valado, voltado ao vale e à plenitude da tarde soalheira.

À mesa da Tasca do Valado, estão em evidência as carnes. Na imagem, a posta de arouquesa. Rui Oliveira
"Os vinhos de Teixeiró combinam bem com carnes”, aponta a enóloga Mafalda Bahia Machado. Rui Oliveira
Presunto e queijo começam o desfile de entradas na Tasca do Valado, em Mafómedes (Baião). Rui Oliveira
Tasca do Valado, em Mafómedes (Baião) Rui Oliveira
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À mesa da Tasca do Valado, estão em evidência as carnes. Na imagem, a posta de arouquesa. Rui Oliveira

Uma mesa “mesmo por cima de Teixeiró”

Entra-se pelo piso superior e logo a luminosidade nos atrai como um íman em direcção à varanda. Passa quase despercebida a sala ampla e com lareira ao fundo no piso inferior, refúgio ideal para os rigores do Inverno. “Adoro este restaurante, é um lugar incrível, a comida, muito boa, e estamos aqui mesmo por cima de Teixeiró”, sublinha a enóloga, enquanto elogia a qualidade e a diversidade dos cozinhados com carnes que aqui são servidos. “E os vinhos de Teixeiró combinam bem com carnes”, remata.

Pataniscas de bacalhau, presunto e alheira, ambos da aldeia, e cogumelos salteados, antecederam com entradas os anhos na brasa e a posta de carne arouquesa, numa oferta que se alarga também às cabidelas de galo, cabrito ou vitela no forno e ainda os imprescindíveis bacalhaus em múltiplos cozinhados.

Ricardo Rocha e a mulher, Paula, são os acolhedores e simpáticos anfitriões, que puseram um ponto final na aventura da emigração para investirem na terra natal. É graças ao seu trabalho e dedicação que a Tasca do Valado ganhou justificada fama e é hoje o símbolo maior e principal atractivo da aldeia.

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Na Tasca do Valado, entra-se pelo piso superior e logo a luminosidade nos atrai como um íman em direcção à varanda, de onde se admira um vale impressionante, quase um canhão vertical apontado ao Douro. Rui Oliveira

À MESA

Tasca do Valado
Mafómedes, Teixeira (Baião)

Refeição: Pataniscas de bacalhau, presunto, alheira, cogumelos salteados; anho na brasa, posta de carne arouquesa; queijo e compota de abóbora
Vinhos: Teixeiró Avesso 2023, Paço de Teixeiró 2021, Paço de Teixeiró 2023


Este artigo foi publicado na edição n.º 13 da revista Singular.
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