Número de alunos inscritos no superior atingiu um novo máximo, mas subida desacelerou
Total de inscritos nas universidades e politécnicos públicos estabilizou, apesar de ter batido um novo máximo histórico. Privado voltou a ver aumentar o número de matriculados.
O número de estudantes inscritos no ensino superior, público e privado, voltou a bater um máximo histórico no último ano lectivo. De acordo com os dados da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), publicados nesta sexta-feira, no ano lectivo 2023/2024, estavam inscritos 448.235 estudantes neste nível de ensino. É uma subida ligeira, na ordem dos 2200 estudantes, que demonstra, aliás, uma desaceleração no número de inscritos no ensino superior. Desde logo porque, há um ano, a comparação com o período homólogo dava conta de um incremento bem mais notório: eram mais 12 mil estudantes inscritos no ensino superior.
A DGEEC publicou os resultados do Registo de Alunos Inscritos e Diplomados do Ensino Superior (RAIDES), um inquérito anual dirigido a todos os estabelecimentos de ensino superior. De acordo com os números oficiais, dos mais de 448 mil estudantes, 80% frequentavam o ensino superior público. Ou seja, 359.395 alunos estavam inscritos nas universidades e politécnicos públicos, um número que não se alterou face ao ano anterior.
O mesmo não se pode dizer do privado, que voltou a ver aumentar o número de matriculados. No total dos estudantes, foram mais 2209 os inscritos nas instituições privadas face ao período homólogo, num total de 88.840 (20% do total). A análise da DGEEC recua até 1995/96. Nesse ano lectivo, o sector privado congregava 41% dos alunos que chegavam ao superior e 37% do total. Desde então, o peso destas instituições foi diminuindo — e só em 2014/ 2015 se iniciou uma recuperação da procura, ainda que lenta (nesse ano estavam inscritos 57.299 alunos no sector).
Quanto ao número de estudantes a iniciar-se no ensino superior, ou seja, os inscritos no primeiro ano pela primeira vez, verificou-se uma quebra neste último ano, tanto no público como no privado. Foi uma descida na ordem de quase cinco mil novos estudantes: se em 2022/2023 este grupo incluía 155.082 alunos, no último ano lectivo esse universo baixou para os 150.085.
Já na comparação entre instituições, 36,5% dos estudantes no superior (público e privado) estavam inscritos nos politécnicos (163.565) no último ano lectivo. Relativamente às mulheres, em 2023/2024, estas representavam 54,2% do total de alunos inscritos (55% no caso dos inscritos no primeiro ano e pela primeira vez).
É ainda possível aferir do relatório da DGEEC que a procura aumentou em todos os ciclos de estudo à excepção de nos mestrados. No ano lectivo em análise, o número de estudantes a frequentar mestrados baixou de 119.811, em 2022/2023, para 118.270. No caso das licenciaturas, por exemplo, cujo número de matriculados cresce consecutivamente desde 2016/2017, estavam inscritos no último ano 279.859, um aumento de 2653 alunos.
O RAIDES mostra ainda que, à semelhança dos últimos anos, os estudantes têm optado por áreas de formação ligadas às ciências empresariais, administração e direito (21,6%), engenharia, indústrias transformadoras e construção (19,9%), saúde e protecção social (15,6), ciências sociais, jornalismo e informação (11,5%) e artes e humanidades (10,2%).
Apesar das medidas de incentivo para os cursos de educação, por forma a fazer face à falta de professores, os novos estudantes preferiram também as ciências empresariais, administração e direito, a área de formação mais escolhida por este grupo também.
Já os cursos ligados à educação sofreram mesmo uma ligeira descida no número de matriculados: depois de um incremento em 2022/2023 (quando 7256 escolheram esta área, mais 732 face ao ano anterior), no último ano lectivo houve menos 91 alunos a optar por esta formação. Apesar disso, o número de novos inscritos manteve-se acima dos sete mil (é preciso recuar até 2012 para encontrar tantos matriculados pela primeira vez nestes cursos). Em termos gerais, o cenário é mais positivo no que respeita aos cursos que orientam para a docência: houve um total de 14.695 inscritos nas universidades e politécnicos públicos, mais 422 que no ano anterior.
Geograficamente, e sem surpresa, é no Norte e na Grande Lisboa que se concentra a larga maioria dos estudantes (150.760 e 147.477, respectivamente).
Entre os estudantes estrangeiros, 18.009 estavam inscritos em programas de mobilidade internacional, como é o caso do Programa Erasmus. No caso dos alunos estrangeiros inscritos para a frequência de um ciclo de estudos integralmente em Portugal (mais de 55 mil), a maioria tinha terminado o ensino secundário no Brasil (cerca de 15 mil), seguida da Guiné-Bissau (6276), de Angola (5856), Cabo Verde (5144) e de França (3625).