Seca reduz em 90% o nível do rio Amazonas

Alterações climáticas estão na origem da seca que diminuiu em 90% o nível da água no rio Amazonas nos últimos três meses. Alimentação e navegabilidade das comunidades indígenas está em risco.

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A carcaça de um peixe é vista num banco de areia que surgiu no meio do rio Solimões, na bacia amazónica, que está a sofrer a pior seca de que há registo Jorge Silva / REUTERS
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Vista de drone de uma mensagem feita por activistas da Greenpeace sobre bancos de areia expostos devido à seca no rio Solimões Jorge Silva / REUTERS
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Activistas da Greenpeace preparam uma mensagem de protesto nos bancos de areia expostos devido à seca no rio Solimões, um dos maiores afluentes do rio Amazonas, durante a seca mais intensa e generalizada que o Brasil viveu desde que começaram os registos em 1950 Jorge Silva / REUTERS
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Um homem carrega um garrafão de água durante uma seca histórica na Amazónia no leito seco do rio Paraua em Careiro da Várzea, estado do Amazonas BRUNO KELLY / REUTERS
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Um membro da brigada de incêndios do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) observa as chamas que se erguem na floresta amazónica em Apui Adriano Machado / REUTERS
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O nível do rio Amazonas desceu 90% desde Junho devido à seca, anunciou o Governo da Colômbia. “O nível da água diminuiu 80% a 90% nos últimos três meses, devido à seca provocada pelas alterações climáticas no país”, afirmou a Unidade Nacional de Gestão de Riscos de Desastres (UNGRD) colombiana, na quinta-feira.

De acordo com a UNGRD, “o baixo nível do rio Amazonas afecta o abastecimento alimentar e a navegabilidade das comunidades indígenas do departamento” de Amazonas, no sudeste da Colômbia. Pelo menos 7400 pessoas foram afectadas por esta descida do nível das águas, numa região onde as comunidades indígenas locais viajam sobretudo de barco.

A bacia do Amazonas abrange nove países da América do Sul: Brasil, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname. Imagens captadas nos últimos dias pela agência de notícias France-Presse na capital regional, Letícia, mostram muitos pequenos barcos encalhados e grandes ilhas de terra e relva expostas pelo baixo nível da água.

A cidade de Letícia, na região da tríplice fronteira entre Colômbia, Brasil e Peru, é de fundamental importância para o comércio local, graças ao rio Amazonas. Situada no extremo sudeste da Colômbia, a capital regional está totalmente rodeada por florestas, sem estradas que a liguem ao resto do país. Os habitantes locais dizem que esta é a pior seca de que se recordam no passado meio século.

A América do Sul atravessa uma seca prolongada associada ao fenómeno climático El Niño, que levou ao racionamento de água e electricidade, bem como a incêndios florestais sem precedentes em vários países. A capital colombiana, Bogotá, está sujeita a racionamento de água devido ao baixo nível de reservas nas montanhas circundantes.

Há actualmente incêndios activos na Colômbia, Peru, Equador, Brasil e Bolívia. No caso do Brasil, a seca extrema, a pior no país desde 1950, permitiu que as chamas se propagassem rapidamente, entre Junho e Agosto, nos estados de São Paulo, Mato Grosso, Pará e Mato Grosso do Sul. Nos três últimos está o Pantanal, a maior zona húmida do planeta, que o Brasil divide com a Bolívia e o Paraguai.

Os incêndios causaram perdas quantificadas pela associação empresarial do sector agro-pecuário brasileiro em 14,8 mil milhões de reais (2,4 mil milhões de euros), segundo as estimativas divulgadas na quinta-feira.

A informação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil detalha que 2,8 milhões de hectares de propriedades rurais foram afectadas pelas chamas neste período, considerando apenas as actividades do gado vacum e da cana-de-açúcar. O Governo brasileiro disse suspeitar que a grande maioria dos incêndios é provocada por acção humana, com a ministra do Ambiente, Marina Silva, a falar em “terrorismo climático”. O Governo recorreu a três ramos das forças armadas – Exército, Marinha e Força Aérea – para combater os incêndios florestais na Amazónia.