Criação de santuário de baleias do Atlântico Sul bloqueada. Há países que querem continuar a caça

Plano para criar santuário para cetáceos no sul do oceano Atlântico foi rejeitado numa reunião da Comissão Baleeira Internacional, realizada no Peru. Noruega opôs-se e Islândia absteve-se na votação.

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Uma baleia-anã capturada é descarregada num porto em Kushiro, Hokkaido, no Japão ,Uma baleia-anã capturada é descarregada num porto em Kushiro, Hokkaido, no Japão JIJI PRESS / EPA,JIJI PRESS / EPA
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Japão abandonou a Comissão Baleeira Internacional em 2019 e retomou a caça com fins comerciais STRINGER / REUTERS
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Uma proposta para a criação de um santuário para baleias e outras espécies de cetáceos no sul do Oceano Atlântico foi rejeitada numa reunião da Comissão Baleeira Internacional (CBI) na quinta-feira, decepcionando especialistas na área da conservação.

Na sessão anual da CBI, em Lima, Peru, 40 países apoiaram um plano para criar um porto seguro que proibiria a caça comercial de baleias desde a África Ocidental até à costa da Argentina, do Uruguai e do Brasil, alargando uma área protegida já existente no Oceano Austral.

No entanto, 14 países opuseram-se ao plano, o que significa que este não conseguiu obter os 75% de votos necessários.

Entre os opositores encontrava-se a Noruega, um dos três países que ainda praticam a caça comercial à baleia, juntamente com a Islândia e o Japão. A Islândia absteve-se, ao passo que o Japão abandonou a CBI em 2019.

Petter Meier, chefe da delegação norueguesa, disse na reunião que a proposta “representa tudo o que está errado” na CBI, acrescentando que um santuário é “completamente desnecessário”. A Noruega, o Japão e a Islândia efectuaram 825 capturas de baleias em todo o mundo em 2023, de acordo com os dados apresentados à CBI.

As frotas baleeiras “estranhas à região” têm estado envolvidas numa “exploração severa” da maioria das espécies de grandes baleias no Atlântico Sul, e um santuário ajudaria a manter as populações actuais, refere a proposta.

O Atlântico Sul alberga 53 espécies de baleias e outros cetáceos, como os golfinhos, muitos dos quais enfrentam riscos de extinção, segundo a proposta. A proposta incluía também um plano para proteger os cetáceos das “capturas acessórias” acidentais das frotas pesqueiras.

“É uma decepção amarga que a proposta [...] tenha sido novamente derrotada por pouco por nações com interesse em matar baleias para obter lucro”, disse Grettel Delgadillo, vice-director para a América Latina da Humane Society International, um grupo de conservação animal.

Um esforço da Antígua e Barbuda para declarar a caça à baleia uma fonte de “segurança alimentar” não obteve apoio, e a CBI apoiou uma proposta para manter uma moratória global sobre a caça comercial de baleias em vigor desde 1986.

“Considerando as tentativas persistentes das nações favoráveis à caça da baleia de desmantelar a proibição de 40 anos, a mensagem subjacente a esta proposta é muito necessária”, disse Delgadillo.