Climáximo pinta Castelo de São Jorge de vermelho para convocar acção a 23 de Novembro

Colectivo de activismo climático agenda acção de resistência civil em massa “Parar Enquanto Podemos” para 23 de Novembro, durante a recta final da COP29.

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“Parar Enquanto Podemos”: Climáximo pintou uma das fachadas do Castelo de São Jorge de vermelho e deixou faixa a convocar uma acção para 23 de Novembro DR
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Apoiantes do movimento Climáximo pintaram de vermelho uma das fachadas do Castelo de São Jorge, em Lisboa, na manhã desta sexta-feira, pendurando também nas muralhas do castelo uma faixa com as palavras “Parar Enquanto Podemos”, convocando uma acção para o dia 23 de Novembro. A acção de “resistência climática em massa” acontecerá na recta final da COP29, a cimeira do clima das Nações Unidas que começa a 11 de Novembro no Azerbaijão.

Em comunicado enviado às redacções, o colectivo afirma que a crise climática é “um acto deliberado de guerra por parte de governos e empresas contra as pessoas e o planeta”, acrescentando que “a sociedade tem de parar de normalizar estes ataques contra a vida e resistir contra os culpados”.

Os activistas alertam que “governos de todo o mundo continuam a permitir a expansão da queima de petróleo, gás e carvão e investimentos em novas infra-estruturas fósseis”, mesmo apesar de “este ter sido um ano em que os impactos da crise climática se fizeram sentir com extrema intensidade”.

EGEAC repudia vandalismo

A bióloga Sara Gaspar, uma das apoiantes do Climáximo que participou na acção que pintou de vermelho uma das fachadas deste edifício histórico, questiona, citada no comunicado: “Os castelos são algo que todas as pessoas querem preservar, mas de que servem monumentos históricos, se permitirmos que a humanidade passe à história?”

“Amanhã o castelo de São Jorge estará restaurado”, afirma, “mas as pessoas mortas e casas destruídas não irão regressar.”

A Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) de Lisboa emitiu um breve comunicado onde "lamenta e repudia o acto de vandalismo ocorrido esta manhã no Castelo de São Jorge, danificando um Monumento Nacional, património classificado e único da cidade e do país".

A entidade adianta ainda que o assunto está "entregue às autoridades policiais competentes para o desenvolvimento do procedimento criminal contra os autores".

Questionada sobre se a tinta utilizada é biodegradável e que danos poderá causar à estrutura histórica, fonte da equipa do Climáximo confirmou ao Azul que a tinta é “fácil de retirar”.

“Não há cultura num planeta morto”

Ecoando o que têm repetido activistas do movimento em acções como a que cobriu de vermelho um quadro de Picasso no Museu Berardo, em Outubro do ano passado, agora é a vez de Sara Gaspar, de 31 anos, repetir que “não há cultura numa sociedade e num planeta morto”.

“O dia 23 de Novembro não pode ser um sábado normal”, lê-se no comunicado. Para a “altura em que estarão a ser fechadas as discussões na Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP29) assim como do Orçamento de Estado (OE) em Portugal”, o Climáximo convoca então uma “acção de resistência civil em massa”.

A acção terá como objectivo “abordar pessoas nas ruas e cafés e quebrar a normalidade ao bloquear uma das praças mais centrais da cidade” e será “acessível a toda a gente”: estão convocados trabalhadores, estudantes, mães, pais, filhos, precários, desempregadas, avós, netos” para “parar enquanto podemos”.

“A cada dia tens de escolher: vais consentir com a destruição da vida ou vais entrar em resistência para pararmos esta guerra antes que seja tarde demais?”, questiona Sara Gaspar, citada no comunicado.

Notícia actualizada para acrescentar comunicado da EGEAC