Inteligência artificial chega à psicologia clínica na forma de um assistente

O PsIA é o primeiro assistente virtual baseado em IA generativa para psicólogos. Foi apresentado, nesta quinta-feira, durante o Congresso da Ordem dos Psicólogos Portugueses.

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O bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses, Francisco Miranda Rodrigues ANTÓNIO COTRIM / LUSA
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Melhorar o processo de tomada de decisões clínicas, que permanece no controlo do psicólogo, aumentar níveis de produtividade e optimizar tempo e recursos. É esse o objectivo do PsIA, um assistente virtual, baseado em inteligência artificial (IA) generativa, desenvolvido especificamente para apoiar a actividade dos psicólogos. A nova ferramenta, apresentada nesta quinta-feira, durante o 6.º Congresso da Ordem dos Psicólogos Portugueses, resulta de uma colaboração entre a Microsoft e a Visual Thinking e será disponibilizada a mais de 27 mil profissionais, através da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP).

A iniciativa partiu da OPP, que avaliou a adopção da ferramenta, assim como o desenvolvimento de aplicações para psicólogos, como um passo “estratégico”. Isto porque, avalia o bastonário da OPP, Francisco Miranda Rodrigues, citado em comunicado, “a inteligência artificial generativa é um facto incontornável para o exercício da profissão”, sendo o momento certo para destruir a ideia de que a IA constitui “uma desvantagem competitiva”. E sublinha: “Este projecto não substitui em nada os nossos profissionais, mas apoia-os, auxilia-os, deixando sempre a última palavra e decisão e responsabilidade nas suas mãos. É um assistente. E é só o início.”

Ao PÚBLICO, o bastonário fala de uma reflexão contínua “sobre a influência da tecnologia na actividade”, ressalvando que, “para já, a aplicação não consegue realizar minimamente intervenções no campo de um psicólogo”. Isto porque, justifica, “por um lado, não o consegue, por outro, foi treinado para não o fazer, uma vez que esse tipo de abordagem não é segura, e, por fim, não era esse é o objectivo”.

Entre as coisas em que a aplicação pode ser uma ajuda real estão situações tão básicas como “resolver uma referência de um pagamento à OPP que expirou” ou “procurar informação sobre uma determinada questão ética”. Além disso, adianta Francisco Miranda Rodrigues, pode ajudar o clínico em momentos de reflexão, quase estabelecendo uma espécie de diálogo, ao longo do qual “não se pretende que dê respostas, mas que aponte caminhos, coloque possibilidades. E como no fim dá as referências bibliográficas a que recorreu, o psicólogo pode a seguir ir directamente ao documento que lhe pode dar uma resposta”.

Com base no mais recente modelo GPT-4o, capaz de raciocinar e comunicar através de voz, texto e vídeo, o PsIA é suportado por uma base de conhecimento com mais de 750 documentos, o que lhe permite dar respostas, imediatas e precisas, o que, avalia-se, permitirá ao clínico poupar tempo em busca de informações, libertando-o para se focar noutras tarefas mais humanas, como nas consultas.

Em comunicado, explica-se que o PsIA “recorre a uma sofisticada tecnologia de IA generativa que utiliza algoritmos avançados de processamento de linguagem natural”. Isto permite-lhe “responder com precisão mesmo a questões mais complexas”, sendo que o “sistema está programado para realizar actualizações contínuas que permitem a integração das informações mais recentes da OPP”.

O director de tecnologia nacional da Microsoft Portugal, Manuel Dias, enaltece o PsIA como “um excelente exemplo do enorme potencial da IA generativa nos mais diversos sectores e actividades”, avaliando que, “no campo da saúde”, pode capacitar “os profissionais com mais conhecimento e acesso à informação e, no final, melhorar a prestação de cuidados de saúde à população”.

O PsIA vai estar assim disponível aos psicólogos através de uma área reservada no site da OPP, estando preparado para interagir em mais de 20 línguas diferentes. “A nossa parceria com a OPP e a Microsoft permitiu-nos criar uma ferramenta que responde de forma imediata e precisa às necessidades dos profissionais, eliminando barreiras de tempo e até mesmo de idioma”, frisa Estela Bastos, CEO da Visual Thinking. “Com esta ferramenta, os psicólogos têm ao seu dispor um assistente virtual que os apoia no seu trabalho diário", conclui.

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