Ensino superior: número de professores jovens sobe há quase dez anos

No último ano lectivo, o número total de professores no ensino superior público aumentou para os 32.749 docentes. Categoria de professores auxiliares abarca 40% dos docentes das universidades públicas

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Maioria dos professores das universidades e politécnicos públicos estão a Norte e na Grande Lisboa Manuel Roberto
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O número de docentes no ensino superior público tem vindo a aumentar há quase dez anos consecutivos, incluindo nas faixas etárias mais jovens. Com a análise dos dados do Perfil do Docente do Ensino Superior 2023/2024, publicados na quarta-feira pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), é possível aferir que a classe docente neste nível de ensino não está a ser tão fustigada pelo envelhecimento como acontece no ensino não-superior. Vamos aos números: no último ano lectivo, dos 32.749 professores no superior público, mais de 7600 tinham menos de 40 anos, uma fatia que representa cerca de um quinto do total de docentes (23%, para precisar).

Apesar disso, os professores sub-30 nas universidades e politécnicos públicos continuam a ser o grupo etário menos representativo no bolo total. No último ano lectivo, contavam-se 2062 docentes com menos de 30 anos e 5581 tinham entre 30 e 39 anos. Quanto ao primeiro grupo, o número de professores com menos de 30 anos está a subir desde 2015/2016, quando estavam 1008 professores desta faixa etária a dar aulas no superior. Contas feitas, no espaço de quase uma década há mais 1054 professores sub-30 a dar aulas nas universidades e politécnicos públicos.

Apesar disso, a idade média dos professores neste nível de ensino tem vindo a subir lenta e paulatinamente e, em 2018, estacionou nos 48 anos, numa média que permanece imutável até hoje. Ainda no que diz respeito à idade dos professores do superior, os dados da DGEEC indicam que a faixa entre os 50 e os 59 anos é a mais representativa (num total de 9652 docentes neste grupo), seguindo-se a dos 40 aos 49 (9631) e os maiores de 60 anos (5823).

Como o PÚBLICO noticiou na última semana, o envelhecimento da classe docente no ensino não-superior é mais notório. Mais de metade (57%) dos cerca de 83.400 docentes dos 2.º e 3.º ciclos e do ensino secundário das escolas públicas do continente tem horário lectivo reduzido, o que poderá ser um reflexo do envelhecimento da classe, já que a partir dos 50 anos é possível fazer essa redução.

E, de facto, olhando para o Perfil do Docente 2022/2023 (o relatório mais recente disponibilizado pela DGEEC) verifica-se que a idade média dos professores dos 2.º e 3.º ciclos e do secundário era de 52 anos. Recuando ao ano lectivo 2012/2013, a percentagem de professores do 2.º ciclo com mais de 50 anos situava-se nos 42%. Uma década volvida e representam já 61%.

Quanto ao ensino superior, o relatório da DGEEC dá ainda conta de um aumento de 1012 professores no último ano escolar por comparação com o anterior (subiu de 31.737 para os já referidos 32.749 docentes).

Olhando para a evolução do número de docentes por categoria profissional nas universidades públicas, no último ano lectivo houve um aumento no total de professores catedráticos (o nível mais alto da carreira universitária) — foram mais 117 docentes nesta categoria. Também o número de professores associados aumentou de 2865 para 3236. Ao mesmo tempo, manteve-se a tendência já vincada para que os docentes fiquem na categoria de professores auxiliares: 40% dos professores das universidades públicas têm esta categoria.

Geograficamente, a maioria dos professores do ensino superior distribui-se pelo Norte (10.263) e pela Grande Lisboa (9788), o que não será de estranhar, já que a maioria dos estudantes está também nestas regiões, onde estão também as maiores instituições do país.

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