Caro leitor, cara leitora
Demos-lhe conta esta semana de que a Federação Nacional de Educação (FNE), juntamente com outras entidades que representam directores e pais, vai lançar a 26 de Outubro uma plataforma online destinada a monitorizar e a obter um "raio X" mais preciso dos casos de indisciplina nas escolas.
É um tema que preocupa toda a comunidade educativa. Combater a indisciplina escolar exige um esforço conjunto entre escolas e professores, pais e alunos.
Esta nova ferramenta poderá ser um passo importante nesse sentido, desde logo porque pretende ser um espaço alternativo às vias formais que já existem para reportar estes casos e que nem sempre funcionam.
Como explicou o secretário-geral da FNE, Pedro Barreiros, à jornalista Daniela Carmo, muitos destes casos acabam por ficar “dentro dos muros das escolas” por falta de meios ou mesmo de vontade de os reportar. A ideia é ultrapassar essa barreira e dar mais visibilidade ao problema.
Este foi um dos temas que marcaram a semana educativa. Quis saber o que pensa um especialista em psicologia da educação sobre esta iniciativa. Telefonei a José Morgado, professor no ISPA, com vasta obra publicada nesta área. Diz que o diagnóstico de Pedro Barreiros é certeiro: “Há um número de incidentes de natureza disciplinar superior àquilo que objectivamente é reportado.”
Os dados recentes da FNE indicam que, no último ano lectivo, houve um aumento de 5% a 6% nos casos de indisciplina, face ao anterior.
“Quanto melhor conhecermos o fenómeno, melhor estaremos em condições de o minimizar. Já não digo eliminar, porque ninguém vai conseguir eliminar totalmente a indisciplina escolar”, nota o especialista em psicologia da educação.
José Morgado acredita que, para debelar estes fenómenos, a solução passa por haver um acompanhamento próximo dos alunos, envolvendo não apenas uma punição, mas também mais diálogo, compreensão. Para isso, são precisos mais técnicos especializados e professores tutores, que poderão ter um papel importante na alteração desses comportamentos. “Só castigá-los não funciona.”
Identificar estas situações não tem de ser nenhuma “sentença” para os alunos: “Não é fatal, não está condenado a ser um miúdo excluído. Mas quando minimizamos estas situações, estamos a varrê-las para debaixo do tapete.”
O Ministério da Educação já manifestou disponibilidade para colaborar nesta iniciativa. Resta saber o que fará com a informação que dela resultar: servirá para orientar decisões nesta matéria ou será mais uma pilha de dados arrumados numa gaveta qualquer?
Por cá, é um tema que continuaremos a acompanhar.
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Até quinta-feira
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