Há sempre alguém que semeia canções no vento que passa
Em dois livros e num ciclo de conversas discute-se esta semana o papel das canções na luta pela liberdade, em Portugal e também no mundo.
Sim, acertaram. O título desta crónica é tirado da Trova do vento que passa, escrita por Manuel Alegre, musicada por António Portugal e exemplarmente cantada por Adriano Correia de Oliveira. Não é um vento favorável, porque “nada diz” ao poeta e até “cala a desgraça”, quando este pede notícias da pátria. Mas é nele que a canção se embala para romper o silêncio e resistir. Ora, no mesmo ano em que Manuel Alegre escrevia esta sua trova, 1963, era editada do outro lado do Atlântico mais uma canção a falar do vento, Blowin’ in the wind. O seu autor? Bob Dylan. Um paralelo entre ambas é estabelecido, de forma clara, num volumoso livro chegado esta semana às lojas e que tem por título Canções de Liberdade, a Política Cantada em Portugal e no Mundo (1964-1974) (Ed. Caminho). Jorge Mangorrinha, autor de parte substancial das quase 600 páginas dessa obra, escreve (págs. 110-111) que as duas canções, quase coincidentes no tempo, “são símbolos da esperança na liberdade e são hinos da juventude”. E é uma viagem por canções desta estirpe que propõem os autores – dividido o livro num Lado A e num Lado B, como um disco, a última meia centena de páginas é dedicada a uma escolha de 50 canções de diferentes géneros e países, da autoria de Abel Soares da Rosa, por onde passam Adriano e Dylan, mas também Luís Cília, Jacques Brel, Joan Baez, Nina Simone ou até os Beatles, os Stones e David Bowie.
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