Fnam admite paralisação conjunta no sector da saúde “se nada for feito”

Greve no sector da saúde afectou milhares de cirurgias e consultas, segundo a presidente da Fnam, que deixa ainda críticas à ministra, acusando-a de não estar a “levar a saúde para bom porto”.

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A presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Joana Bordalo e Sá, faz um balanço da greve dos médicos junto ao Hospital São João, no Porto, esta quarta-feira ESTELA SILVA / LUSA
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A presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam), Joana Bordalo e Sá, admitiu, no Porto, uma paralisação conjunta dos profissionais de saúde, caso "nada seja feito" para resolver os problemas do sector. "Se nada for feito, nós eventualmente até teremos que paralisar conjuntamente", afirmou em declarações à Lusa, em frente ao Hospital de São João, no Porto, onde fez um ponto de situação deste protesto, esta quarta-feira, 25 de Setembro.

Joana Bordalo e Sá estimou que, na terça-feira, "dois terços dos médicos tenham feito greve" e que é esperada idêntica adesão durante o dia de hoje. "Sente-se muito a nível dos blocos cirúrgicos. É, de facto, onde se sente mais. Portanto, foram milhares de cirurgias programadas que acabaram por ser canceladas, adiadas, assim como em termos de consultas de especialidade a nível hospitalar e consultas dos médicos de família nos centros de saúde", afirmou. Acrescentou que "também os internamentos de medicina interna sofreram um forte impacto".

"Isto só demonstra mesmo o descontentamento que existe entre os médicos. Algo tem de ser feito para termos melhores condições de trabalho e salários mais justos", frisou a dirigente da Fnam.

A dirigente disse que "esta greve coincidiu com a dos enfermeiros, não foi concertada, mas acaba por não ser coincidência de alguma forma, porque todo o sector da saúde está descontente". "Vamos também ter a greve dos técnicos superiores de saúde, na quinta-feira, no Hospital de São João e no IPO do Porto. Ou seja, todo o sector da saúde está unido na defesa do que é a essência do Serviço Nacional de Saúde, que deve ser público, universal, estar a funcionar em pleno e que garanta, de facto, os serviços correctos para toda a população", referiu.

Aos jornalistas, Joana Bordalo e Sá insistiu ainda na ideia de que é necessário "uma ministra que perceba de saúde, senão o caos vai continuar". "Nós vamos continuar a ter as grávidas a nascerem nas ambulâncias, vamos continuar a ter os serviços de urgência com equipas muito reduzidas. Ana Paula Martins tem que mudar de atitude ou, eventualmente, ser mesmo substituída, porque não está a levar a saúde para bom porto."

"Qualquer que seja o ministro da Saúde sabe que vai ter de negociar com os médicos de forma séria e negociar aqueles aspectos que são essenciais. Não é isso que está a acontecer, tivemos medidas mesmo desastrosas, como o atraso nos concursos, pagamento irregular do trabalho extraordinário e agora, mais recentemente, esta medida abusiva relativamente às nossas férias. Os médicos faltam porque faltam cronicamente no Serviço Nacional de Saúde", acrescentou.