Alemanha: liderança dos Verdes anuncia demissão

Partido decidirá em Novembro as novas chefias e quem irá candidatar-se a chanceler nas legislativas do próximo ano, prevendo-se, para já, que possa ser o ministro da Economia, Robert Habeck.

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Ricarda Lang, co-líder dos Verdes, que junto com o co-líder Omid Nouripour anunciou a demissão CLEMENS BILAN / POOL / EPA
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As eleições no estado federado de Brandeburgo (à volta de Berlim) foram a gota de água para a liderança dos Verdes. Ricarda Lang e Omid Nouripour anunciaram que irão deixar a chefia do partido depois de Novembro, quando o partido se reunirá para escolher a próxima equipa.

“Chegámos à conclusão de que é preciso um novo começo”, disse Nouripour. “O resultado das eleições de Brandeburgo é a prova da crise mais grave do partido na última década”, declarou ainda – o partido não conseguiu chegar aos 5% necessários para ter representação parlamentar, o que tinha acontecido também nas eleições da Turíngia. E na Saxónia conseguiu apenas 5,1%.

É mais uma reviravolta na história recente do partido, que, nas últimas eleições legislativas, em 2021, teve, como comentava a emissora Deutsche Welle, ao mesmo tempo o melhor resultado de sempre em legislativas e o que mais desapontou, já que o partido parecia ter, pela primeira vez, hipóteses de disputar a chancelaria com a União Democrata Cristã (CDU) e o Partido Social-Democrata (SPD).

Agora, o partido tem de se preparar para um clima político radicalmente diferente, disse Lang na conferência de imprensa. “A eleição do próximo ano não é apenas mais uma eleição”, declarou, citada pela Reuters. Será uma escolha entre “um país focado em conseguir prosperidade aderindo à neutralidade climática ou um país dirigido por pessoas que querem fugir disso tudo.”

Os conservadores da CDU, à frente nas sondagens, têm criticado muitas vezes os Verdes, apresentando-o como um partido com demasiadas exigências que podem prejudicar o país.

Críticas semelhantes foram feitas pelos liberais, parceiros de coligação dos Verdes no Governo chefiado pelo SPD.

O partido chefiado por Christian Lindner, ministro das Finanças, está numa posição ainda mais frágil do que os Verdes, com uma grande descida nas sondagens (vários inquéritos dão-lhe apenas 4%) a ameaçar a própria permanência no Parlamento após as próximas eleições (a única vez que isto aconteceu ao partido foi em 2013, nas eleições a seguir a ter estado num Governo de coligação com a CDU de Angela Merkel).

Lindner avisou recentemente para um “Outono de decisões” que poderia mesmo incluir a saída do partido da coligação (algo que ninguém acredita que aconteça, já que qualquer um dos partidos da coligação teria mais a perder em ir a eleições agora do que tentar melhorar, mesmo que pouco, a sua situação antes de Setembro do próximo ano).

E há ainda que contar com os partidos AfD (extrema-direita) e Aliança Sahra Wagenknecht (esquerda radical populista), que são contra medidas de protecção climática.

Os Verdes são ainda, de acordo com números do Parlamento alemão, alvo de muitos mais ataques violentos do que outros: 44% dos ataques com motivações políticas registados em 2023 foram contra representantes dos Verdes, e o número foi três vezes superior ao dos outros partidos, cita um texto da organização Index on Censorship.

Lang e Nouripour não são as figuras mais relevantes do partido, nem se esperava que nenhum deles protagonizasse a candidatura a chanceler – prevê-se que esse papel possa ser, desta vez, de Robert Habeck, o vice-chanceler e ministro da Economia, depois de nas eleições anteriores ter sido de Annalena Baerbock, a actual ministra dos Negócios Estrangeiros.

Habeck não apresentou formalmente uma candidatura, mas declarou há meses que poderia ter interesse em ser o candidato, contrapondo que entretanto havia questões mais importantes.

Em relação a Novembro, Habeck disse que queria um “debate aberto” após o qual deveria ser escolhida a candidatura “por voto secreto”.

Os Verdes obtiveram 14,8% nas eleições de 2021, depois de décadas com valores abaixo dos 10%. O partido à frente nas sondagens é a CDU, com valores de 30%-35%, seguido da Alternativa para a Alemanha 17-20%, SPD entre 14-16%, Aliança Sahra Wagenknecht 7-10%. Tanto os liberais como Die Linke (esquerda radical e antigo partido de Wagenknecht) poderiam, segundo estas sondagens, não conseguir representação parlamentar.

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