Grande Prémio de Portugal de MotoGP confirmado até 2026

Etapa portuguesa continuará no calendário do Mundial pelo menos por mais dois anos. Estado vai investir dois milhões de euros por cada uma das edições.

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A pandemia de covid-19 fez a caravana regressar a Portugal em 2020, mas para o Algarve, que se tornou assim no 72.º circuito a receber uma prova do Mundial KIMIMASA MAYAMA / EPA
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O Grande Prémio de Portugal de MotoGP, que se disputa Autódromo Internacional do Algarve, (AIA) vai continuar no calendário do Mundial de velocidade pelo menos mais dois anos, foi anunciado esta quarta-feira em Portimão.

"Conseguimos. Foi um trabalho de equipa que demorou muito tempo a chegar, mas conseguimos e Portugal vai ter um contrato para dois anos, pela primeira vez", disse Jaime Costa, director-geral da Parkalgar, empresa gestora do autódromo algarvio, em conferência de imprensa que decorre nas instalações do AIA.

"Amanhã [quinta-feira] será anunciada a data definitiva, mas será no final do calendário. A prova terá esse elã especial de poder decidir aqui o campeonato", acrescentou.

A etapa portuguesa do Campeonato do Mundo de MotoGP, Moto2 e Moto3 realiza-se no Autódromo Internacional do Algarve (AIA), em Portimão, desde 2020, depois de já ter passado por Jarama (Espanha), em 1987, e pelo Estoril, entre 2000 e 2012. Agora, o acordo foi prolongado, com maior solidez.

"Foi um acordo intenso, podemos dizer assim. Tínhamos de recuperar o bom nome do Estado, é bom dizê-lo, porque o Estado português não tinha cumprido as suas obrigações nos contratos anteriores e, portanto, foi preciso repor o bom nome do Estado", afirmou o secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, no Autódromo Internacional do Algarve (AIA).

Em conjunto com outros parceiros, como o Turismo do Algarve e a secretaria de Estado do Desporto, acrescentou Pedro Machado, foi necessário "conquistar, ou reconquistar, a confiança, sobretudo da Dorna e da Liberty, que são os "donos" das licenças das provas", um "esforço acrescido" realizado em "menos de seis meses".

"Estávamos em risco de perder esta prova, exactamente porque não tínhamos cumprido os compromissos financeiros das provas anteriores. Era preciso nós recuperarmos esse bom nome, fazendo um processo de negociação sólido, responsável, credível, fiável, que foi o que aconteceu, pelo reconhecimento da Dorna. E a prova disso é que temos 2025 e 2026", acrescentou Pedro Machado.

Para garantir o Mundial de velocidade no Algarve, o Estado português vai investir, em cada um dos dois anos, através do Turismo de Portugal, dois milhões de euros, revelou o secretário de Estado. "Se estamos a falar num retorno de cerca de 80 milhões [de euros], eu acho que é fácil perceber a bondade que este projecto traz ao nosso país", ressalvou, chamando a atenção para as receitas directas e indirectas geradas pela prova, que "recebeu na última edição mais de 180.000 visitantes".

Corrida começou em Espanha

O Grande Prémio de Portugal de motociclismo de velocidade começou por ser disputado em Espanha, antes de passar pelo Estoril e Algarve. A história do Grande Prémio de Portugal de motociclismo de velocidade começou em 1987, mas, nesse ano, a prova disputou-se no circuito madrileno de Jarama, em Espanha. Venceu o norte-americano Eddie Lawson (Yamaha) num ano em que o campeão mundial foi o australiano Wayne Gardner (Honda).

Também no ano seguinte esteve prevista uma segunda edição do Grande Prémio de Portugal em território espanhol, no circuito andaluz de Jerez de la Frontera, mas, à última da hora, o Governo português não autorizou o uso da denominação, pelo que a prova passou, oficialmente, a ser o GP Expo92, de Sevilha. A partir de 2000, o Grande Prémio de Portugal regressou ao Mundial, já em solo nacional, no circuito do Estoril, onde se manteve até 2012.

Nesse período (13 edições), apenas por cinco vezes o vencedor da prova acabaria por se sagrar campeão mundial. Aconteceu com o italiano Valentino Rossi em 2001, 2002, 2003 (com a Honda) e 2004 (em Yamaha); e com o espanhol Jorge Lorenzo (Yamaha), em 2010. Nas restantes oito ocasiões, o vencedor no Estoril acabou por perder o campeonato. O australiano Garry McCoy (Yamaha) venceu em 2000, ano em que o campeão foi o norte-americano Kenny Roberts Jr. (Suzuki).

O brasileiro Alex Barros (Honda) ganhou em 2005, quando campeão mundial foi Rossi; o espanhol Toni Elias (Honda) ganhou em 2006, ano em que foi campeão o norte-americano Nicky Hayden; e Rossi venceu em 2007, quando foi campeão o australiano Casey Stoner. Seguiu-se as vitórias do espanhol Jorge Lorenzo, em 2008 e 2009, dois anos em que o campeão foi Rossi.

Em 2010, o piloto maiorquino quebrou o enguiço ao vencer no Estoril pela terceira vez consecutiva, mas também sagrando-se campeão no final da temporada. Já em 2011, o vencedor foi o também espanhol Dani Pedrosa (Honda), num ano em que o campeão foi Stoner. O australiano ganharia no ano seguinte, em 2012, na última visita ao Estoril, mas o campeão seria Lorenzo.

Covid-19 reabriu portas

A pandemia de covid-19 fez a caravana regressar a Portugal em 2020, mas para o Algarve, que se tornou assim no 72.º circuito a receber uma prova do Mundial, sendo o 29.º traçado a acolher a classe rainha do campeonato, que desde 2002 se denomina MotoGP. Já no Algarve, o português Miguel Oliveira (KTM) venceu na primeira visita da prova a Portimão, em 2020, ano que consagraria o espanhol Joan Mir como campeão.

O ano de 2021 voltou a ser excepção, a sexta em 18 visitas a Portugal. O francês Fabio Quartararo (Yamaha) ganhou em terras algarvias e conquistaria a coroa no final da temporada. Curiosamente, na segunda visita que o campeonato fez a Portugal nessa época, (a segunda corrida chamou-se GP do Algarve e aconteceu devido ao cancelamento da corrida na Austrália devido à pandemia), a vitória sorriu ao italiano Francesco Bagnaia (Ducati), bicampeão mundial em título.

Em 2022, o francês Fabio Quarararo (Yamaha) voltou a levar a melhor sobre a concorrência, com Miguel Oliveira a terminar na quinta posição. No ano seguinte, venceu Francesco Bagnaia com o espanhol Jorge Martin (Ducati), actual líder do campeonato, com 24 pontos de vantagem sobre o italiano campeão do mundo, a triunfar já neste ano de 2024.

Nos construtores, Yamaha soma 11 triunfos e a Honda cinco na categoria rainha no Grande Prémio de Portugal, sendo que o triunfo de Miguel Oliveira a 22 de Novembro de 2020, na prova de encerramento da temporada passada, permitiu à KTM intrometer-se neste domínio nipónico. Já o triunfo do italiano Francesco Bagnaia no GP do Algarve, em Novembro, trouxe também a Ducati para a lista de construtores vitoriosos em Portugal, com a marca italiana a contar já com três vitórias.

Entre os pilotos, o italiano Valentino Rossi é o mais vitorioso, com cinco triunfos (um em 500cc e quatro em MotoGP), enquanto a vitória de Toni Elias, com uma Honda, em 2006, foi a que teve a margem mais curta de sempre (dois milésimos de segundo) para o segundo, Valentino Rossi. Também a vitória do espanhol Alex Crivillé em Brno, na República Checa, em 1996, teve idêntica diferença para o australiano Mick Doohan.