Itália: autoridade da concorrência abre investigação sobre greenwashing na Shein

A agência de antitrust diz que a Shein não esclarece os consumidores quanto aos materiais alegadamente “sustentáveis” utilizados na colecção EvoluShein.

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A Shein foi fundada em 2008 na China REUTERS/Edgar Su
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A agência antitrust italiana está a investigar uma empresa sediada em Dublin que opera a loja online e a aplicação da Shein, devido a alegações ambientais possivelmente enganosas feitas pela retalhista de “ultra fast fashion”.

A investigação visa a Infinite Styles Services CO. Limited e acusa o site da Shein de tentar “transmitir uma imagem de produção e de sustentabilidade comercial da peças de vestuário através de alegações ambientais genéricas, vagas, confusas e/ou enganosas”, declarou a agência para a concorrência em comunicado.

A Shein, por seu lado, afirmou estar “pronta a cooperar abertamente com as autoridades italianas competentes, fornecendo o apoio e as informações necessárias para responder a quaisquer inquéritos”.

A investigação é a mais recente de uma série de inquéritos efectuados por entidades reguladoras de toda a Europa sobre alegações ambientais potencialmente falsas por parte das empresas, numa altura em que a nova regulamentação da União Europeia procura reprimir o greenwashing.

A autoridade italiana afirmou que algumas informações fornecidas pela loja online sobre a colecção EvoluShein, da Shein, poderiam induzir os consumidores em erro quanto aos tecidos supostamente sustentáveis utilizados, não os informando também de que as peças de vestuário não são recicláveis.

Mais: a loja da Shein parecia enfatizar um compromisso com a descarbonização, o que parece ser contraditório com o aumento das emissões de gases com efeito de estufa, revelado nos relatórios de sustentabilidade da Shein para 2022 e 2023.

Fundada na China em 2008 e agora sediada em Singapura, a Shein é conhecida pelo vestuário barato que fabrica “à velocidade da luz” — serão cerca de 6 mil novas peças por dia no site. A forma como trata os trabalhadores e o historial ambiental têm sido objecto de maior escrutínio na sequência de notícias de que a empresa queria cotar as suas acções na bolsa de Londres.

De acordo com os regulamentos da União Europeia contra o greenwashing, que entraram em vigor este ano e serão aplicados em todos os Estados-membros no prazo de dois anos, as empresas estão proibidas de fazer afirmações ambientais vagas sobre os seus produtos, tais como rotulá-los de “eficientes em termos energéticos” ou “amigos do ambiente”, se não fornecerem provas que as sustentem.

“Estamos a atravessar um período de correcção das alegações ecológicas, em que as empresas ou vão ser investigadas e multadas, ou vão buscar os dados necessários para fundamentar e comunicar com precisão alegações específicas”, afirmou Abbie Morris, CEO da Compare Ethics, que verifica a conformidade das alegações ecológicas para clientes como a Reformation e a New Look.

A Shein, no mesmo comunicado, afirmou estar empenhada em cumprir as leis e regulamentos nos mercados onde opera e em manter a transparência com os seus clientes. Aliás, em Julho deste ano, a empresa comprometeu-se a investir 250 milhões ao longo de cinco anos na Europa para fazer cumprir a legislação.

O organismo antitrust italiano, responsável pela protecção dos consumidores e pelas questões da concorrência, abriu recentemente investigações sobre a Google e sobre as marcas de luxo Armani e Dior.

De acordo com a legislação italiana, as empresas que violam as regras dos direitos dos consumidores podem ser objecto de multas que variam entre 5000 euros e 10 milhões de euros.