Arroz de Sarrabulho à moda de Ponte de Lima é candidato a Denominação de Origem Protegida

Portugal apresentou um pedido à União Europeia para a atribuição de DOP ao Arroz de Sarrabulho à moda de Ponte de Lima. Nos próximos três meses, o pedido ainda pode ser contestado.

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A Denominação de Origem Protegida é justificada pelo facto de “diversos documentos atestarem a preparação ancestral deste prato gastronómico" Visite Ponte de Lima
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O Arroz de Sarrabulho à moda de Ponte de Lima pretende ver o seu nome registado como Denominação de Origem Protegida, em conformidade com o artigo 50.º do Regulamento 1151/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho relativo aos regimes de qualidade dos produtos agrícolas e dos géneros alimentícios. O pedido foi submetido por Portugal e publicado no Jornal Oficial da União Europeia, nesta terça-feira, o que dá início “à fase de oposição, que tem a duração de três meses”.

Nos documentos apresentados, a Denominação de Origem Protegida é justificada pelo facto de “diversos documentos atestarem a preparação ancestral deste prato gastronómico, nomeadamente o registo de uma receita do arroz de sarrabulho, semelhante à actual, num copiador de correspondência da Casa de Bertiandos (Ponte de Lima), entre 1844 e 1850”, ou ainda nas referências feitas pelo conde D’Aurora, autor limiano, no seu livro de 1935, O Pinto: infância, paixões e morte de um cacique eleitoral (Ed. Livraria Tavares Martins, Porto, p. 57), relativamente à sua composição e preparação”.

O pedido conta ainda parte da história da receita: “A partir de 1916, este prato extravasa as cozinhas particulares, preservando os ingredientes específicos tradicionalmente utilizados na região de Ponte de Lima, designadamente a beloura, a chouriça de verde, a tripa branca e os rojões, mas também o vinho e/ou o vinagre de vinho verde tinto. A forma de preparação de cada um dos produtos e a apresentação do prato cozinhado actualmente mantêm as suas características tradicionais.”

Explica-se ainda que o Arroz de Sarrabulho à moda de Ponte de Lima “designa um prato cozinhado que se apresenta com duas partes distintas: um arroz malandro, não empapado, com bastante calda, de cor castanha escura, sem coágulos, e onde sobressai a presença de carne desfiada (…); e um conjunto de carnes e enchidos em que são obrigatórios: a beloura, apresentada às rodelas, de massa homogénea e de cor castanha uniforme, com aroma e sabor moderado a louro e alho; a chouriça de verde, de massa moderadamente homogénea, em que se nota a presença da cebola, com aroma e sabor ligeiramente adocicado, e em que se distingue a presença dos cominhos, alho e louro; a tripa branca, de cor clara homogénea, com aroma a alho e louro e sabor levemente picante também a alho, louro e cominhos; os rojões de porco, que se apresentam sob a forma de pequenos cubos de carne da perna de porco, macios e suculentos”.

São facultativos, refere-se, “o bucho, o fígado, o coração, os bofes e o sangue de porco, devidamente cozinhados e apresentados em pequenos pedaços fritos em banha de porco, e batatas ou castanhas devidamente preparadas”.

No documento assinala-se ainda a criação do projecto Confraria Gastronómica do Arroz de Sarrabulho à moda de Ponte de Lima, em 2004, com o intuito de proteger a “importante receita”, que, “actualmente, é o ex-líbris da gastronomia limiana, a verdadeira alavanca da sua actividade, atracção final para milhares de visitantes que, durante o ano, elegem Ponte de Lima como local do seu roteiro”.

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